Milhares assistem a beatificação de padre anti-máfia

Milhares de católicos assistiram hoje na Sicília à cerimónia de beatificação de um padre morto a tiro pela máfia há 20 anos por pregar contra o crime organizado.
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O assassínio de Pino Puglisi, padre de uma paróquia de um dos bairros mais problemáticos de Palermo, deixou a população em choque e contribuiu para virar a opinião pública contra a máfia.

O cardeal emérito de Palermo, Salvatore de Giorgi, presidiu à cerimónia, a que assistiram dezenas de responsáveis políticos e da Igreja Católica, presenças que a imprensa italiana destacou pelo contraste com a falta de resposta das autoridades aos pedidos de ajuda lançados há 20 anos pelo padre Puglisi.

"A beatificação de Puglisi é um dom de Deus há muito esperado pela Sicília e não só", escreveu o cardeal na edição de hoje do diário do Vaticano Osservatore Romano.

"Vinte anos após a sua morte, Puglisi volta a falar e mais alto que nunca", acrescentou.

O ministro do Interior, Angelino Alfano, e a ministra da Justiça, Annamaria Cancellieri, também assistiram à beatificação.

Puglisi é a primeira vítima da máfia a ser declarada pelo Vaticano "mártir da fé", o que implica a sua beatificação, primeiro passo de um processo que pode levar à canonização.

Puglisi foi morto a tiro na rua no dia do seu 56.º aniversário, a 15 de setembro de 1993, quando regressava a casa no bairro de Brancaccio, em Palermo.

Segundo a imprensa italiana, quatro homens aproximaram-se do padre, que inicialmente pensou tratar-se de um assalto. Quando se apercebeu de quem eles eram, disse: "Tenho estado à vossa espera".

Dois dos atacantes, que foram todos detidos e condenados a penas de prisão perpétua, acabaram por abandonar a máfia e tornaram-se testemunhas chave em julgamentos que permitiram condenar dezenas de mafiosos.

O assassínio foi ordenado pelos então chefes da máfia em Brancaccio, os irmãos Filippo e Giuseppe Graviano, que também estão a cumprir penas perpétuas pelo homicídio de Puglisi.

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