Miguel Albuquerque quer enfrentar Jardim nas eleições
Num balanço dos anos de gestão da Câmara, Miguel Albuquerque elegeu o temporal de 20 de fevereiro de 2010 como os seus "pior e melhor momentos". Por um lado, o impacto "dramático" no concelho mas, por outro, permitiu demonstrar a capacidade de "intervenção de socorro".
"Eu fui eleito diretamente quatro vezes para a câmara. Em todas as eleições ganhei com maioria absoluta, subi a votação e acho que há um reconhecimento de um trabalho que foi feito na cidade, que comporta sempre falhas - nem tudo é perfeito -- mas, globalmente, os meus mandatos enquanto presidente da câmara do Funchal foram positivos", afirmou o autarca, que inicia este mês o seu último ano à frente da capital madeirense.
Obrigado a sair devido a lei de limitações de mandatos, Miguel Albuquerque defende que essa imposição deveria ir além dos autarcas, embora admita que é a "única maneira de se fazer renovação política em Portugal".
"Democraticamente, repugna um pouco, porque a lei se devia estender a todos os cargos políticos, deputados e presidentes do governo", afirmou.
A concluir o quinto mandato, Miguel Albuquerque diz que o trabalho foi positivo: "Estou bastante satisfeito pela minha prestação e a das equipas e do envolvimento dos munícipes. O meu trabalho aqui [na Câmara do Funchal] foi de envolvimento de munícipes, de autarcas das freguesias, trabalhadores municipais e dos próprios parceiros sociais".
Em particular, Miguel Albuquerque mostra-se satisfeito com aquilo que considera ter sido "o trabalho muito inovador na área social, com a criação de centros sociais e ginásios para os menos jovens, algumas estruturas de lazer e recreio e a nível da habitação social e qualidade de vida ambiental, além do que foi feito nas zonas mais desfavorecidas, nas zonas altas da cidade".
No que ficou por fazer, o autarca lamenta que nunca tenha tido o apoio do Governo Regional para a construção de "uma nova marina que fosse um centro de excelência do desporto náutico mundial".
Agora, Miguel Albuquerque é candidato nas eleições diretas do PSD contra o decano Alberto João Jardim, a 02 de novembro, nas quais tem como adversário o carismático presidente, mostrando-se "bastante confiante" na vitória, apesar do opositor.
Advogado, escritor, apaixonado por rosas - que cultiva numa quinta no norte da ilha que tem merecido alguns prémios - e pelo jazz, Miguel Albuquerque, com 51 anos, dedicou grande parte da sua vida à política e desempenhou diversos cargos no PSD-M, desde líder da JSD, a deputado (1988-1986) e vice-presidente da Assembleia Legislativa da Madeira ( julho 1994 - novembro de 1996).
Em 1994, era o número dois na câmara do Funchal e acabou por assumir a presidência quando Virgílio Pereira resolveu "bater com a porta" devido a problemas com o presidente do Governo Regional por questões financeiras, designadamente a falta de apoio do executivo para solucionar o problema da dívida da autarquia.
Tido durante muito tempo como um dos delfins de Jardim, foi-se demarcando, tendo mesmo apoiado o atual presidente do PSD nacional, Pedro Passos Coelho, contra a posição assumida pela estrutura regional da Madeira.