Michelle Obama deixou a Casa Branca em janeiro de 2017 no final dos dois mandatos de Barack Obama como presidente e durante um ano esteve afastada da ribalta. Mas a ex-primeira-dama regressou em força em 2018, com o lançamento do livro de sucesso, ao qual se seguiu uma tournée, um documentário, iniciativas de apoio ao voto e agora um podcast. Na contagem decrescente para as presidenciais de novembro dos EUA, parece estar em todo o lado, havendo quem desejasse que ela fosse a candidata a vice-presidente de Joe Biden..Espera-se que a qualquer momento Biden indique o nome da escolhida, sabendo-se apenas que será uma mulher. Há várias afro-americanas na corrida e, em abril, quando questionado sobre qual seria a sua resposta se Michelle Obama, de 56 anos, mostrasse interesse, o candidato democrata à Casa Branca disse que a escolheria "num piscar de olhos"..Mas Michelle ainda estava na Casa Branca quando, em 2016, afastou a hipótese de ser candidata... pelo menos a presidente. "Não serei candidata a presidente. Nope, não, não o vou fazer", disse num evento do festival South by Southwest, em Austin, no Texas, alegando que queria afastar-se da política partidária e ter impacto da forma mais neutral possível..Contudo, isso foi antes da vitória de Trump e não se sabe se terá mudado entretanto de ideias. Numa sondagem em maio, da YouGov para a CBS, questionados diretamente sobre se Biden devia escolher Michelle Obama - caso ela quisesse ser candidata -, 64% dos inquiridos disseram que sim.."Biden deve apresentar o melhor ticket [dupla presidente e vice-presidente] possível para garantir uma vitória esmagadora que não apenas afaste Trump mas que também atire o espírito antiamericano do trumpismo no monte de cinzas da história", defendeu numa carta aberta o Comité para a Escolha de Michelle Obama para vice-presidente. "Por isso é que encorajamos Biden a convidar formalmente a Sra. Obama.".Em 2018, a ex-primeira-dama lançou - com os atores Tom Hanks e Lin-Manuel Miranda ou a cantora Faith Hill - uma organização não governamental cujo objetivo é aumentar a participação eleitoral. When We All Vote (quando todos votarmos) defende alargar o voto por correio e a inscrição para votar através da internet..O livro.Apesar de ter participado em inúmeros eventos em 2017, foi o lançamento do seu livro de memórias, em 2018, que provou que Michelle era mais do que a mulher do ex-presidente Barack Obama..Becoming, o livro, e a tournée que fez para o promover provaram a qualidade de estrela da ex-primeira-dama. "O superpoder de Michelle Obama é a capacidade de criar intimidade a uma larga escala", escreveu a Vox sobre a tournée, explicando como um discurso frente a 20 mil pessoas (evento decorreu em grandes arenas a uma escala nunca antes vista) pode parecer uma conversa íntima entre a ex-primeira-dama e cada um dos espectadores..A tournée foi organizada pela empresa que promove os concertos da Beyoncé e os bilhetes mais caros, para a fila da frente e com direito a conhecer Michelle Obama, custavam três mil dólares - sendo 10% dos bilhetes para cada uma das arenas em que promoveu o seu livro grátis e sido distribuídos a associações de caridade e escolas..No livro, Michelle Obama fala abertamente não apenas dos anos na Casa Branca - e de como esse tempo era de serviço ao país - mas também das fragilidades que viveu antes e que até então não podia partilhar, como o facto de ter ido a um conselheiro matrimonial com Barack Obama após o nascimento das filhas Sasha e Malia e dos abortos que sofreu antes e do tratamento de fertilidade que fez..O podcast.O mais recente projeto de Michelle Obama é um podcast com o seu nome, que se estreou a 29 de julho com o marido como primeiro convidado. Os dois falaram da importância da comunidade enquanto cresciam, de como os vizinhos costumavam cuidar dos filhos uns dos outros e de como isso se perdeu..A antiga primeira-dama conta que a ideia por detrás do podcast, cuja primeira temporada terá nove episódios, será falar das relações "que nos fazem ser quem somos", tendo previstas conversas com a mãe ou o irmão, mas também da "relação com nós mesmos", discutindo por exemplo questões de saúde..A conversa com Obama não ignora a situação atual dos EUA e as eleições de novembro. Questionado sobre se acha que as pessoas vão votar para mudar as coisas, Obama diz que sim, com Michelle a rir e a lembrar que ele é o homem do "Yes we can" (sim podemos, o seu slogan) e que é "o eterno otimista", enquanto o ex-presidente diz que ela acredita que as coisas têm de ficar muito, muito más antes de as pessoas acordarem para o problema. "Bom, espero que estejamos nesse ponto", responde Michelle..A segunda convidada de Michelle Obama foi a jornalista Michelle Norris, tendo ambas falado da pandemia e do impacto que esta teve em termos pessoais. A ex-primeira-dama fala de momentos em que se sentiu mais em baixo e até mesmo de uma "ligeira depressão", "não apenas por causa da quarentena, mas por causa da disputa racia", e que ver a hipocrisia, dia sim dia não, é desanimador", conta..Na sexta-feira, partilhou uma lista de músicas no Spotify inspiradas pela primeira temporada do podcast..A produtora.O podcast de Michelle é o último projeto da produtora independente do casal, a Higher Ground Productions, em parceria com o Spotify. Fundada em 2018, a produtora já conta no seu currículo com um Óscar para Melhor Documentário, entregue na cerimónia de fevereiro. Uma Fábrica Americana conta a história da abertura de uma fábrica da chinesa Fuyao num antigo espaço da General Motors no Ohio e os problemas da adaptação dos operários norte-americanos ao estilo de trabalho chinês..Outro documentário, Becoming, é sobre a própria antiga primeira-dama, baseando-se no livro de memórias com o mesmo nome, tendo acompanhado a tournée que ela fez pelos EUA para o promover. Os dois documentários, disponíveis na plataforma Netflix, estão nomeados para um total de sete Emmys (a cerimónia virtual de entrega dos prémios está marcada para 20 de setembro).