Platini: de melhor do mundo a suspeito de corrupção na escolha do Mundial2022
Michel Platini está sob custódia das autoridades francesas que investigam alegados crimes de corrupção relacionados com a organização do campeonato do mundo de futebol, que terá lugar no Qatar em 2022.
Em causa estará a escolha deste país para este Mundial.
A notícia sobre a detenção do ex-presidente da UEFA e ex-capitão da seleção francesa de futebol, foi dada pelo jornal francês Mediapart e está a ser replicada em todo o mundo.
Platini foi detido esta terça-feira pela unidade anticorrupção da Polícia Judiciária francesa (Office anticorruption de la police judiciaire - OCLCIFF), em Nanterre (Hauts-de-Seine).
Segundo o Mediapart, um jornal digital de investigação, Claude Guéant, ex-chefe de Gabinete de Nicolas Sarkozy, também foi ouvido enquanto suspeito, mas não está detido.
Em março passado, o ex-presidente da FIFA Joseph Blatter reafirmou que a atribuição ao Qatar do Mundial de futebol de 2022 resultou da intervenção do então presidente francês Nicolas Sarkozy, com a colaboração do Michel Platini.
De acordo com o suíço, a nomeação/eleição do Qatar para anfitrião do Mundial, foi feita após a intervenção política de Sarkozy, que terá pedido a Platini, e aos seus aliados, para votar no emirado.
"Essas vozes fizeram pender a balança para o lado do Qatar em prejuízo dos Estados Unidos. E essa situação gerou o ataque dos perdedores à FIFA e a mim: a Inglaterra perdeu para a Rússia, para 2018, e os EUA perderam para o Qatar, para 2020", disse Blatter à AFP reagindo a uma notícia do Sunday Times que dava conta de um suposto acordo secreto entre a FIFA e o canal televisivo Al-Jazeera.
O jornal britânico escreveu que esse "contrato", concluído no período que antecedeu o fim da campanha de candidatura, previa o pagamento de um bónus de cerca de 75 milhões de euros numa conta da FIFA, caso o Qatar fosse o anfitrião do Mundial2022.
O Sunday Times afirmava que Joseph Blatter e o seu secretário-geral na época, o francês Jerome Valcke, assinaram o contrato uma semana depois da votação a favor do emirado.
Ainda segundo o jornal britânico, cerca de 427 milhões de euros teriam sido pagos pelo Qatar à FIFA três anos depois, como parte de um segundo contrato de direitos televisivos.
A FIFA, citada pelo Sunday Times, lembrou que "as alegações relacionadas com a entrega do Mundial2022 já foram completamente comentadas" e que, em junho de 2017, o organismo publicou na íntegra o "Relatório Garcia" sobre o tema.
Recorde-se que Joseph Blatter e Michel Platini foram banidos por oito anos de qualquer atividade relacionada com o futebol, numa decisão do comité de ética da FIFA em 2015, devido a um pagamento milionário de Blatter a Platini para o qual não foi encontrada justificação legítima.
O envolvimento de Platini neste caso, uma vez que estará afastado deste género de atividades, não está ainda esclarecido.
Michel Platini, 63 anos, antigo jogador da seleção francesa, foi presidente da UEFA entre 2007 e 2015. É considerado um dos maiores jogadores da história do futebol mundial.
Filho de imigrantes italianos, donos de um restaurante especializado em massas, Platini foi escolhido como melhor jogador do mundo pela World Soccer em 1984 e 1985; e melhor jogador da UEFA em 1984.
Em 1984, Platini liderou os franceses na conquista do campeonato da Europa, o primeiro título da Seleção, marcando nove goloss nos cinco jogos da fase final da competição, sediada na França. O título europeu coroaria sua temporada 1983/84, onde fora campeão e ponta de lança do campeonato italiano com a Juventus.
Um ano após deixar a carreira de futebolista, tornou-se técnico da Seleção Francesa. Ficou dezanove partidas ao comando dos Bleus, mas não teve o mesmo sucesso dos tempos de jogador. Classificou a equipa apenas para o Euro1992. Depois de ter sido eliminada na primeira fase, Platini foi dispensado após o torneio.
Fora dos relvados, foi presidente do Comité que organizou o Mundial de 1992, em França e tornou-se uma espécie de "pupilo" de Blatter.
Foi eleito para a UEFA em 2007, principalmente com apoio dos chamados países "periféricos", com os da África e Ásia, prometendo-lhes mais oportunidades para serem palco de Mundiais de futebol.
Em 2014, enquanto presidente da UEFA, defendeu que Cristiano Ronaldo não merecia ganhar a Bola de Ouro desse ano, pois o capitão da seleção nacional não esteve ao seu nível no Mundial realizado esse ano no Brasil.
"Vocês já me conhecem. Defendo que nos anos do Mundiais quem deve ganhar é alguém que brilhou no Mundial. Cristiano Ronaldo não brilhou, Portugal não brilhou. Foi a Alemanha que venceu e na equipa alemã encontramos vários jogadores consagrados", avaliou Platini, em declarações à Bein Sports.
Em atualização