Metalurgia a caminho dos 20 mil milhões exportados

Com os dados dos primeiros dez meses apurados, é já seguro que o setor campeão das exportações irá fechar 2019 com mais um recorde nas vendas ao exterior.
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A indústria metalúrgica e metalomecânica vai fechar 2019 com vendas recorde ao exterior, muito próximas dos 20 mil milhões de euros. Este será o sexto ano consecutivo de crescimento. Nos primeiros dez meses do ano, as exportações do Metal Portugal cresceram 8,7%, reforçando a confiança do setor.

"Podemos já dizer com absoluta segurança que será novo ano de recorde de exportações. As perspetivas que temos é de que cheguemos aos 19,7 mil milhões de euros, mas admitimos que possamos subir ainda mais, já que as projeções são feitas com base nos dez primeiros meses, que incluem o mês de agosto, que é inferior aos outros", refere o vice-presidente da Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal (AIMMAP). Rafael Campos Pereira explica, ainda, que "setembro e outubro foram meses com uma trajetória de crescimento reforçada", pelo que admite que o valor final das vendas do Metal Portugal ao exterior fique "muito próximo dos 20 mil milhões de euros".

O mercado americano, que se havia ressentido, no início do ano da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, voltou à sua dinâmica "fortemente positiva", com um crescimento homólogo em outubro de mais de 30%. O Canadá é outro dos mercados a contribuírem de forma significativa para a boa performance do setor. É o resultado dos grandes investimentos comerciais realizados pelas empresas portuguesas neste país, mas, também, do CETA, o acordo económico e comercial entre o Canadá e a União Europeia, em vigor desde finais de 2017.

"Sendo este um mercado exigente, é um mercado semelhante àqueles para os quais as nossas empresas mais exportam, como a Alemanha", destaca Rafael Campos Pereira.

Na Europa, os principais mercados - Alemanha, Espanha, França e Itália - mantêm a rota de crescimento acima dos 6%. Em termos de produtos mais vendidos, as tecnologias de produção, as peças técnicas e os componentes para a indústria automóvel continuam a ser os mais procurados.

Quanto a 2020, Rafael Campos Pereira acredita que, apesar de alguns sinais de abrandamento nas principais economias europeias, o setor "tem todas as condições para continuar a crescer", embora a um ritmo "mais lento". "Em 2017, crescemos 13%, em 2018 crescemos 11%, neste ano, provavelmente, cresceremos 9%. Mas isso não significa qualquer desaceleração. Se para o ano crescermos 1% que seja, será sempre extraordinário e temos as condições criadas para que isso continue a acontecer", sublinha.

A volatilidade e imprevisibilidade dos mercados levou a que grande parte dos clientes estejam a jogar sobretudo com encomendas de curto prazo, o que torna difícil antecipar a evolução a longo prazo. "Temos noção de que há alguns sinais que apontam para um arrefecimento da economia mundial e que podem, de um momento para o outro, mudar tudo. Mas isso só nos obriga a estarmos permanentemente atentos e a procurar diversificar mercados", frisa. Com 22 mil empresas e 240 mil trabalhadores, a metalurgia e metalomecânica contribui com 18% para o produto interno bruto nacional. É responsável por um terço das exportações da indústria transformadora, colocando os seus produtos em cerca de 200 países.

jornalista do Dinheiro Vivo

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