Metade dos cancros do pulmão mata em menos de dez meses

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Em Portugal, 85% dos cancros são fatais em menos de cinco anos e "a sobrevivência está entre nove e dez meses em 45% dos casos, que são os diagnosticados tardiamente", disse ao DN Fernando Barata, pneumologista e presidente do Grupo de Estudos de Cancro do Pulmão. A doença continua a não ter um método de rastreio recomendado, uma razões para que a sobrevivência seja reduzida.

Por enquanto, a doença continua a ser principalmente combatida com cirurgia, quimioterapia e radioterapia. No entanto, nos casos diagnosticados tardiamente, devido à ausência de sintomas - na Europa, são cerca de 55% do total - a cirurgia deixa de ser uma opção viável, porque já existem metástases.

De acordo com Fernando Barata, apenas "25% dos cancros são detectados precocemente, numa fase em que a quimioterapia e a cirurgia têm resultados. Se todos os anos são detectados 3600 casos, 3060 têm uma esperança de vida até cinco anos. Por isso, urge melhorar meios de diagnóstico e rastreio. "Ainda não há cura nem método de rastreio recomendado e válido universalmente".

Para 2009/2010, espera que haja resultados sobre novos métodos de rastreio, como a tomografia computadorizada em espiral e "técnicas de biologia molecular como a detecção de marcadores no sangue ou alterações de DNA", refere.

Natasha Leigh, oncologista do Princess Margaret Hospital, em Toronto (Canadá), alerta que "ainda há pouco conhecimento público do que são os sintomas do cancro do pulmão. Durante um encontro com jornalistas organizado pela Roche deu como exemplo a "tosse, dores no peito, perda de peso acentuada, sintomas que muitos fumadores consideram estarem associados ao tabaco". Apesar de o tabaco continuar a ser um dos principais factores de risco, "são cada vez mais os casos que não estão associados ao consumo", diz.

O cancro do pulmão, que mata uma pessoa no mundo a cada 30 segundos afecta mais homens do que mulheres. Em Portugal, a incidência é de 53 casos por cem mil habitantes no homem. Na mulher, os números são cinco vezes menores.

Tratamentos e perspectivas

Na semana passada foram apresentados vários estudos e terapêuticas durante a Conferência Europeia de Oncologia, onde especialistas lançaram alertas para o parco investimento na investigação e tratamento oncológicos. Um tratamento aprovado recentemente na Europa e apresentado no evento, combate a angiogénese, ou seja, o desenvolvimento de uma rede de vasos sanguíneos que fornece nutrientes e oxigénio aos tumores. Segundo um estudo que envolveu 275 mil doentes, o bevacizumab combinado com quimioterapia, aumenta em dois meses a esperança de vida (para 12,3 em média), nos casos avançados, e reduzir o cancro em 35%, o dobro do conseguido só com quimioterapia. Em Portugal já decorrem ensaios clínicos. |

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