Metade das crianças portuguesas não consome hortícolas diariamente
Metade das crianças portuguesas não come produtos hortícolas todos os dias, como recomendado. Abusam do sal, de refrigerantes açucarados e comem quatro vezes mais protamina do que necessitam, alerta a Direção Geral de Saúde, esta sexta-feira, no âmbito das comemorações do Dia Mundial do Combate à Obesidade.
Uma em cada três crianças tem excesso de peso, em Portugal, segundo o estudo Childhood Obesity Surveillance Initiative, que olhou para o peso dos mais novos entre 2008 e 2019. Entre os seis e os nove anos, 29,6% das crianças apresenta excesso de peso e 12% são classificadas como obesas. "Apesar de nos últimos anos termos verificado uma diminuição da prevalência do excesso de peso, ainda temos cerca de 30% das crianças com excesso de peso, incluindo obesidade", diz Maria João Gregório, diretora do Programa Nacional para a Alimentação Saudável da Direção-Geral de Saúde (DGS).
Na maioria dos casos, o excesso de peso está relacionado com uma alimentação desadequada: 25% das crianças até aos três anos comem mais protamina do que o recomendado, 52% não consomem produtos hortícolas diariamente até aos três anos e 55% não atingem a porção recomendada todos os dias. Ingerem ainda, em excesso, bebidas açucaradas e sal (99% das crianças até aos seis anos consome sal acima do limite recomendado). "E os hábitos nesta fase da vida são determinantes para a saúde no futuro", lembra Maria João Gregório.
"As crianças portuguesas consomem alimentos acima das suas necessidades. O prato de uma criança não deve ser igual ao de um adulto", acrescenta a nutricionista.
Tendo em conta este dados, a DGS prepara-se para apresentar uma Estratégia Nacional para a Alimentação do Lactente e da Criança Pequena, que incide especialmente nos primeiros mil dias de vida, na próxima quarta-feira, durante as comemorações do Dia Mundial da Alimentação. Vai ainda ser divulgado um manual - "Alimentação Saudável dos 0 aos 6 anos" - com conselhos para os pais, educadores e professores para evitar o excesso de peso infantil.
Uma em cada quatro pessoas sofre de obesidade, de acordo com dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), divulgado esta quinta-feira. E 92 milhões de cidadãos estão em risco de serem considerados obesos. Entre 2010 e 2016, a taxa de obesidade entre os países da OCDE aumentou três pontos percentuais (de 21% para 24%).
"Nas próximas três décadas, o excesso de peso fará 93 milhões de mortos na OCDE com a obesidade e doenças relacionadas a reduzirem a esperança de vida em três anos até 2050", indica a organização no relatório The Heavy Burden of Obesity: The Economics of Prevention.
A doença custa por ano 385 mil milhões de euros, estima a OCDE, e representara cerca de 3,3% do Produto Interno Brutos dos países da organização. "Cada dólar gasto na prevenção da obesidade gera um retorno económico seis vezes superior", aponta a instituição no relatório, onde é pedido mais investimento no combate ao excesso de peso.