O ex-ministro das Finanças Eduardo Catroga disse hoje que a meta para o défice de 2016 não foi atingida de forma sustentável, alertando que as medidas extraordinárias, como o 'perdão fiscal' não garantem a sustentabilidade das contas públicas.."O objetivo orçamental foi conseguido, mas não de uma forma sustentável, porque as medidas 'one-off' [temporárias] não garantem a sustentabilidade a prazo das contas públicas", afirmou Eduardo Catroga aos jornalistas, à margem de encontro promovido pelo International Club of Portugal, que decorreu em Lisboa..O antigo ministro das Finanças tinha sido questionado sobre as críticas ao Conselho de Finanças Públicas (CFP), cuja presidente, Teodora Cardoso, disse, numa entrevista ao Público e à Rádio Renascença, que "até certo ponto, houve um milagre" no défice atingido em 2016.."Não vale que alguns agentes políticos, sem substância técnica e só por politiquices, criticarem o CFP", considerou Eduardo Catroga, afirmando-se "partidário das instituições independentes".."Quando aparecem medidas extraordinárias como por exemplo um perdão fiscal, por o investimento quase a zero, que não foram explicitadas, não se pode agora criticar a Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO), seja o CFP, por pôr reservas à realização do objetivo orçamental", disse..Em 2016, o défice orçamental não terá sido superior a 2,1% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo o Governo. A UTAO, numa nota enviada na terça-feira ao parlamento, estima que o défice tenha representado 2,3% do PIB no ano passado..Na sua intervenção no evento do International Club of Portugal, o agora presidente do Conselho Geral e de Supervisão da EDP disse ainda que o país tem "tratado de minudências, ninharia, em vez de tratar de problemas estruturais, como aumentar a produtividade e a competitividade e melhorar o 'rating' [avaliação] da República".