Mesmo com pandemia, público duplica em mais de 120 espetáculos de toiros

Nem o atraso no arranque da temporada, devido a restrições e confinamentos, nem os ataques à tauromaquia, incluindo o fim da transmissão de corridas na RTP, impediram o crescimento de corridas e espectadores. Foram quase 200 mil a acorrer às praças de todo o país.
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Mais corridas, mais pessoas nas praças e novos profissionais. Assim se faz o crescimento da tauromaquia em Portugal, que neste ano que chega ao fim teve particular expressão, com o número de pessoas nas bancadas das praças portuguesas a duplicar, relativamente ao ano anterior. O primeiro em 58 anos em que a RTP recusou transmitir qualquer espetáculo.

Num ano em que a cultura tauromáquica ganhou dois cavaleiros de alternativa (os jovens Soraia Costa e Francisco Núncio) e mais um matador de toiros (João Diogo Fera), mais de 182,6 mil pessoas assistiram a espetáculos tauromáquicos, com a maioria a retomar apenas no verão e a temporada a encerrar-se a meio de novembro. Recorde-se que, apesar de ter levantado restrições em outras áreas e nomeadamente noutro tipo de espetáculos, só em outubro o governo permitiu a lotação completa nas praças de toiros.

Contabilidade feita pelo setor e que leva João Santos Andrade a sentir-se otimista. "2021 caracterizou-se por ser um reinício, depois de um ano de 2020 brutalmente afetado pela pandemia e com prejuízos avultadíssimos", resume o presidente da ProToiro e da Associação Portuguesa de Criadores de Toiros de Lide. "Apesar de uma temporada praticamente reduzida a três meses, toureiros, forcados, ganaderos, empresários e aficionados disseram "presente", mostrando o vigor da tauromaquia, que esperamos que possa retomar a normalidade em 2022."

Visão semelhante têm outros protagonistas desta área de atividade cultural, como Nuno Pardal, presidente da Associação Nacional de Toureiros, que enquadra a "temporada ainda atípica, com a cultura a ser claramente prejudicada pelas decisões governamentais", para revelar o "esforço acrescido em que se empenharam os agentes tauromáquicos, para poder haver espetáculos atrativos e não se defraudar os portugueses".

"Apesar dos bloqueios políticos constantes (fechando praças quando outros espetáculos recebiam espectadores), imperou a vontade, o esforço e a paixão de todos para existirem 121 corridas com ocupação média muito alta e em total respeito pelas regras sanitárias, como se comprova pela ausência de qualquer surto de covid num evento tauromáquico", concorda Ricardo Levesinho. Lembrando que "a cultura é totalmente segura", o presidente da Associação Portuguesa de Empresários Tauromáquicos resume este como "um ano extremamente desafiante, mas ao mesmo tempo de esperança e de superação".

Não é apenas a qualidade que se destaca, já que, conforme recorda o representante da União das Misericórdias, Armando Jorge Carvalho, há um lado económico relevante nesta atividade. "Com a retoma da tauromaquia as Misericórdias proprietárias das praças de toiros puderam usufruir das receitas, tão importantes para os seus orçamentos, e que têm por finalidade ajudar a sua obra social, levando simultaneamente aos portugueses a grandeza desta arte, que é tão nobre quanto genuína."

No balanço de um ano em que apenas touradas puderam realizar-se, com as artes tauromáquicas populares e mais festividades canceladas - de 2 mil eventos anuais só se cumpriram as largadas da Feira de Outubro em Vila Franca de Xira e as Touradas à Corda nos Açores -, as ganadarias portuguesas voltaram a contribuir para ajudar a balança comercial. As exportações de toiros atingiram os 187, com apenas dez importados, num total de 740 toiros bravos lidados em praças nacionais.

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