Merkel espera solução para o Brexit até dia 10

Chanceler alemã esteve hoje em Dublin reunida com o primeiro-ministro irlandês Leo Varadkar
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A chanceler alemã, Angela Merkel, disse esperar que as intensas negociações, debates e votações que estão neste momento em curso em Londres produzam, até quarta-feira, dia 10, uma solução para a questão do Brexit. Esta é a data do Conselho Europeu extraordinário convocado a semana passada por Donald Tusk. É também o dia em que passam 21 anos sobre a assinatura dos Acordos de Sexta-Feira Santa, que puseram fim a um conflito sangrento na Irlanda do Norte, que durante décadas opôs republicanos e unionistas e fez cerca de 3500 mortos. Merkel, que falava em Dublin, reuniu-se aliás com vítimas dos dois lados do conflito durante esta sua visita.

A responsável pelo governo da Alemanha deslocou-se esta quinta-feira á Irlanda e aí esteve reunida com o chefe do governo irlandês Leo Varadkar. Este agradeceu o apoio da chanceler à República da Irlanda. Isto numa altura em que o processo do Brexit se encontra bloqueado depois de o acordo obtido por Theresa May ter sido chumbado três vezes, sobretudo por causa do ponto do backstop, ou seja, mecanismo de salvaguarda destinado a impedir o regresso de uma fronteira física entre a Irlanda do Norte e a República da Irlanda após a saída do Reino Unido da UE.

Enquanto a chanceler admitiu que tudo fará, até à última hora, para evitar um No Deal Brexit, Varadkar sublinhou que a Irlanda vai começar a preparar-se, a partir de amanhã, para implementar o seu plano de contingência, pelo menos no que diz respeito aos agentes alfandegários e de fronteiras nas estações de barco e nos portos. "Se o Reino Unido não tiver ratificado um acordo e não apresentar um plano muito claro sobre o caminho a seguir até à próxima semana, então sairá da União Europeia sem um acordo. Este é o desfecho que ninguém quer. É preciso sermos pacientes", declarou o primeiro-ministro da Irlanda em conferência de imprensa.

O Reino Unido, declarou o chefe do governo irlandês, tem que "oferecer uma via credível e realista para seguir em frente" em troca de nova extensão do Artigo 50º do Tratado de Lisboa. Questionada sobre o que pensa do projeto de lei aprovado quarta-feira à noite na câmara dos Comuns e esta quinta-feira discutido na câmara dos Lordes, em Londres, Merkel disse que essa foi uma votação interessante, mas sublinhou que é preciso esperar.

"Esperamos que as discussões intensas que estão a decorrer em Londres conduzam a uma solução até quarta-feira, quando temos um Conselho especial, onde a primeira-ministra, Theresa May, terá alguma coisa para nos apresentar à mesa e que servirá de base para continuarmos as discussões. Queremos permanecer unidos, os 27, até à última hora. Posso falar pelo lado alemão - faremos tudo o que for possível para evitar um No Deal Brexit, que o Reino Unido saia da UE de forma desordenada. Mas temos que fazer isto juntos, com os britânicos, com base naquilo que nos apresentarem", afirmou Merkel, em Dublin.

Na quarta-feira à noite, os deputados aprovaram, por 313 votos contra e 312 a favor, um projeto de lei apresentado pela trabalhista Yvette Cooper no sentido de obrigar Theresa May a pedir uma extensão do Artigo 50º. May quer evitar, a todo o custo, uma extensão longa, o que obrigaria o Reino Unido a ir às eleições europeias. Por isso está a negociar com o líder do Labour, Jeremy Corbyn, opções para fazer um acordo ser aprovado por uma maioria no Parlamento britânico. Assim a UE27 poderia aceitar um Brexit a 22 de maio. Não é fácil. Muitos deputados conservadores, partidários do Brexit e até de um No Deal Brexit, viram a aproximação de May a Corbyn como traição. Corbyn insiste na permanência no mercado único, uma das linhas vermelhas de May, durante as negociações com Bruxelas e a UE27.

Varadkar, por seu lado, lembrou que, além do acordo do Brexit de May, a câmara dos Comuns também já rejeitou 12 opções alternativas ao mesmo. Referia-se às emendas votadas e chumbadas nas duas sessões dedicadas aos votos indicativos. Isto depois de os deputados britânicos terem aprovado uma outra emenda para retirar ao governo a iniciativa sobre o Brexit.

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