Merkel dá à CDU a maior vitória desde a Reunificação em 1990

A chanceler Angela Merkel conseguiu uma vitória histórica, mas não chegou à maioria absoluta, como se chegou a antecipar nas primeiras projeções após o fecho das urnas. A CDU conseguiu 41,5% dos votos, segundo os resultados oficiais provisórios, divulgados por volta da 01.00 da manhã (hora portuguesa) e, facto também histórico, pela primeira vez desde a sua criação, em 1948, os liberais do FDP ficaram fora do Parlamento federal.
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As primeiras projeções à boca das urnas davam a Angela Merkel uma vitória inequívoca - a maior para a CDU desde 1990. E por volta das 18.00 de domingo a chanceler até viu as televisões apontarem para a hipótese de os democratas- cristãos obterem maioria absoluta, algo que não se via na Alemanha desde Konrad Adenauer em 1957. Mas ao fim da noite as previsões já davam a Merkel menos de 300 deputados, reabrindo a porta a todos os cenários.

Merkel está agora confrontada com a necessidade de negociar com o SPD para formar a chamada Grande Coligação ou, em alternativa, tentar a aproximação aos Verdes. Estes e a CDU já colaboram ao nível de vários governos regionais.

Segundo os resultados oficiais provisórios, Merkel conseguiu para o seu partido o melhor resultado desde a Reunificação alemã, em 1990, com 41,3% dos votos. Em segundo lugar surgem os sociais-democratas do SPD e o seu candidato Peer Steinbrück com 25,7%, próximo do seu mínimo histórico. A desilusão da noite ficou a cargo do FDP. Com 4,8% (um trambolhão desde 2009, quando ficaram perto dos 15%), os liberais, atuais parceiros de coligação de Merkel, ao não chegarem aos 5%, ficaram de fora do Parlamento - a primeira vez na sua história. "É o resultado mais terrível que já tivemos", admitiu o candidato Rainer Brüderle.

(Notícia atualizada à 01:35)

Os Verdes, com uma campanha considerada desastrosa pelos analistas, também caíram, ficando-se pelos 8,3%, abaixo da esquerda radical do Die Linke, com 8,6%. A surpresa, essa, ficou a cargo da Alternativa para a Alemanha (AfD), o novo partido anti-euro que, com 4,7% dos votos, ficou muito próximo de entrar para o Parlamento.

A taxa de participação foi de 71,5%, ou seja um pouco acima dos 70,8%, registado em 2009, que fora um valor recorde de baixa participação, refere a AFP.

Triunfante, Merkel agradeceu aos seus apoiantes este "super resultado" e prometeu "quatro novos anos de sucesso". Quanto ao futuro, a chanceler preferiu não se comprometer, garantindo ser muito cedo para falar em coligações. Confirmada pelos 62 milhões de eleitores alemães, muito graças à forma como conseguiu manter a primeira economia europeia afastada da crise do Velho Continente, a filha de um pastor luterano, primeira mulher a chegar à chancelaria e primeira criada no Leste, Merkel apenas diria mais tarde que as probabilidades de coligação irão para o SPD ou os Verdes.

Nos sites, a imprensa alemã falava numa "República-Merkel" e evocava o "Merkelismo". Na sede da CDU, os apoiantes da chanceler celebravam a vitória de "Mutti", a "mamã" como apelidam a chanceler. Considerada a mulher mais poderosa do mundo pela Times, Merkel, 59 anos, é também vista pelos media como a Rainha da Europa. Mas se nos países do Sul, a chanceler não é muito popular, no seu país muitos a consideram responsável pela baixa taxa de desemprego (6,8%) e pela estabilidade das finanças públicas.

Enquanto os apoiantes celebravam, Merkel já começava a pensar nas hipóteses de coligação. A mais provável, e que mais agradaria aos alemães, é repetir a grande coligação CDU/SPD que liderou entre 2005 e 2009. Mas também se poderá aliar aos Verdes.

Mas ontem à noite, como a própria Merkel disse, era hora de "festejar". Não sem que antes o ministro das Finanças, Wolfgang Schäuble, tenha deixado o alerta: "A Europa não tem de se preocupar. Vamos continuar o nosso papel".

Na Europa, precisamente, foram vários os líderes a saudar a vitória de Merkel, entre eles o Presidente francês François Hollande e o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso. Em Portugal, Bloco de Esquerda e PS foram os primeiros a reagir, com os socialistas a garantirem que a vitória de Merkel é "uma má notícia para a Europa.

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