Programas automáticos ,'bots' - diminutivo de robôs -, geraram um número significativo de mensagens pró-Donald Trump no Twitter, distorcendo a perceção do apoio ao candidato presidencial republicano na rede social, segundo um estudo hoje divulgado..O estudo, realizado por cientistas informáticos da Universidade do Sul da Califórnia, concluiu que tanto Trump como a candidata democrata, Hillary Clinton, receberam mensagens de apoio de 'bots', concebidos para simular ações humanas repetidas, mas que Trump tinha mais 'bots' e obteve mais 'tweets'.."Isto gera uma corrente de apoio que contrasta fortemente com o tom negativo geral que caracterizou as campanhas presidenciais de 2016", escreveram os investigadores Alessandro Bessi e Emilio Ferrara na edição de hoje da revista 'online' First Monday.."O facto de 'bots' produzirem sistematicamente mais conteúdos positivos para apoiar um candidato pode influenciar a perceção das pessoas a eles expostas, sugerindo que existe um apoio orgânico, de base, a um determinado candidato, quando na realidade é tudo artificialmente criado", explicaram..Os investigadores analisaram 20 milhões de 'tweets' entre 16 de setembro e 21 de outubro, de cerca de 2,8 milhões de utilizadores diferentes, e estimaram que mais de 400.000 contas "são provavelmente 'bots'"..Os 'bots' representam quase 15% das contas e geram 3,8 milhões de 'tweets' de quase 19% do total de conversas..Os 'tweets' de Trump gerados por robôs eram quase exclusivamente positivos, ao passo que só metade dos de Hillary o eram, com a outra metade a criticar a candidata, de acordo com o estudo..Utilizar 'tweets' e mensagens automaticamente gerados distorce os "trending topics" no Twitter (principais assuntos em discussão) e dá a Trump e aos seus apoiantes a possibilidade de sustentar, por exemplo, que ele venceu os debates presidenciais.."O que encontrámos sugere que a presença de 'bots' nas redes sociais pode, de facto, afetar negativamente o debate político democrático em vez de o melhorar, o que, por sua vez, pode alterar a opinião pública e pôr em perigo a integridade das eleições presidenciais", sublinharam os investigadores..Um estudo semelhante divulgado no mês passado por investigadores das universidades de Oxford, Washington e Corvinus, de Budapeste, chegaram a conclusões similares, segundo as quais as contas artificiais pró-Trump no Twitter ultrapassavam o número de mensagens de apoio a Hillary numa proporção de sete para um.