Menos militantes pagam quotas para escolha entre Montenegro ou Moreira da Silva

Para as diretas de 28 de maio há apenas cerca de 45 mil militantes que poderão escolher qual o líder que sucederá a Rui Rio. Secretário-geral do PSD admite que quatro anos de oposição não ajudam à mobilização do partido.
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A diferença não é muito grande, mas pode ter consequências no dia 28 na hora de apurar os resultados nas eleições internas do PSD, caso os dois candidatos à sucessão de Rui Rio entrem na reta final da campanha muito próximos nas intenções de voto. Nestas eleições internas haverá menos dois mil militantes com as quotas pagas e com o direito a votar do que nas diretas que opuseram Rui Rio e Paulo Rangel, em novembro de 2021.

O site oficial do PSD, que uma vez mais tornou pública a contagem de quotas liquidadas, aponta para 44 754, a que se deverão somar as que não estavam contabilizadas dos militantes da Madeira e dos Açores e que deverá acabar por elevar a contagem final para as cerca de 45 mil. Ou seja, as tais menos duas mil que se verificaram nas eleições anteriores, num universo de votantes da ordem dos 85 874 militantes sociais-democratas.

O secretário-geral do PSD admite ao DN que houve um decréscimo de quotas pagas - e, por consequência, um menor universo de votantes nas eleições internas - desde que Pedro Santana Lopes e Rui Rio se defrontaram para a presidência do partido, em janeiro de 2018. Naquelas eleições diretas 67 mil militantes podiam votar, ou seja mais 20 mil do que em 2021.

"A realidade de quatro anos de oposição é um fator que não leva à mobilização dos militantes do PSD", reconhece José Silvano.

O também deputado social-democrata afirma que os dois candidatos nesta corrida, Luís Montenegro e Jorge Moreira da Silva de igual modo "não conseguiram mobilização suficiente" para aumentar o número de quotas pagas. "Talvez porque Luís Montenegro tinha a estrutura de campanha montada há muito tempo e Jorge Moreira da Silva ter aparecido já tardiamente", analisa o secretário-geral do PSD.

Ainda assim, sublinha que a discrepância de quotas pagas para as diretas de dia 28 de maio em relação às anteriores "é pequena".

Analisando os dados sobre o pagamento das quotas pela distribuição nacional, os militantes do Porto são os que mais aderiam ao pagamento das suas quotas, com 17% a fazê-lo, seguido dos de Braga (14,61%), de Lisboa (12,63) e Aveiro (10,27%).

Se Luís Montenegro partiu em vantagem para estas eleições diretas no PSD, não só porque avançou antes, como pelos apoios das maiores estruturas do partido, Jorge Moreira da Silva parece estar a conquistar terreno. "A nossa perspetiva neste momento é ganhar Braga, que é um dos maiores círculos eleitorais internos", garantiu ao DN uma fonte da candidatura do antigo ministro do Ambiente. E isto apesar de o líder da distrital de Braga, Paulo Cunha, ser um apoiante convicto do antigo líder parlamentar do partido.

Outro distrito onde Moreira da Silva aposta é Aveiro, já que tem Salvador Malheiro, ex-líder da distrital, a trabalhar no terreno para garantir os votos. E sem "contar" ganhar no Porto - onde o líder da distrital, Alberto Machado, também está ao lado de Montenegro - a máquina de Moreira da Silva espera ter bons resultados no Porto-Maia, Vila do Conde e Valongo. E em Viseu, Hugo Carvalho, deputado e vice-presidente da bancada , é o operacional no terreno e que, recorda uma fonte da equipa de Moreira da Silva, "foi o obreiro da vitória de Rio contra Rangel" naquele distrito. Os apoiantes de Moreira da Silva admitem que há o handicap da Madeira, já que Luís Montenegro conseguiu o apoio de Alberto João Jardim e deverá receber também o de Miguel Albuquerque, líder do partido na região e do governo regional.

"As coisas não estão decididas já", afirma um membro da equipa de Moreira da Silva, em reação às notícias que davam a Luís Montenegro uma vantagem esmagadora no terreno em relação ao adversário. "Montenegro até pode estar à frente neste momento, mas Jorge Moreira da Silva poderá lá chegar. Também Paulo Rangel parecia que ia ganhar e afinal foi Rui Rio que foi reeleito para a liderança", remata a mesma fonte.

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