"Menores vivem grande sofrimento"

Dulce Rocha, presidente da direção do Instituto de Apoio à Criança (IAC) confia no trabalho das instituições e alerta para a exposição à violência doméstica
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A maioria das crianças em risco é exposta à violência doméstica. Este continua a ser o maior problema?

A exposição a violência doméstica, é uma tendência já do ano passado. Por isso, é que as entidades que se destacam na sinalização de casos são as forças policiais e não a escola, como era há uns anos. Mas isso não significa que haja mais crianças expostas, há é uma preocupação em sinalizar as crianças nestes casos. Não podemos ignorar que estas são crianças sempre em situação de vigilância, vivem num grande sofrimento e com uma sensação de insegurança permanente. Muitas sentem-se impotentes e culpabilizam-se pela violência. As consequências são normalmente mau aproveitamento escolar, não dormem. Devia haver mais estratégias de trabalho em rede e parceria e provavelmente devia ser aprovado um plano nacional para a prevenção dos maus tratos nas crianças, como nós propomos.

A quarta causa para a intervenção das comissões são danos que os jovens causam a si próprios.

É um dado recente, não podemos dizer se é uma tendência crescente ou não, mas estarmos a contabilizar já é positivo [foram 5939]. Ainda assim, temos que ficar preocupados com todos os números. Os números gerais, de 72 mil casos, têm uma certa dimensão, mas vê-se que há uma grande preocupação a nível do governo, das ONG e promover o acolhimento familiar também parece positivo. Temos que ter orgulho no nosso sistema que apesar de tudo nos dá esperança.

Não parece que algo falha quando há 8352 processos reabertos?

Não me parece, não há falha dos serviços. O mais difícil é o diagnóstico, são situações muito frágeis e quando há processos é porque há falhas familiares. Há o princípio da intervenção mínima e o equilíbrio entre estar a fazer-se o suficiente ou já estar num acompanhamento redundante é muito difícil. Temos é que cumprir as nossas funções.

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