Menina de 3 anos morre em piscina

Estava com avó, empregada de uma moradia da Quinta da Lago, e tentou ir buscar boneca que caiu à água
Publicado a
Atualizado a

Já era praticamente uma e meia da tarde quando a equipa da urgência pediátrica do Hospital de Faro aceitou que não havia nada a fazer. Beatriz, de três anos, estava morta, vítima de afogamento numa piscina privada na Quinta do Lago, em Almancil.

Como tantas vezes, também ontem foi com a avó para o trabalho desta, funcionária doméstica numa moradia do condomínio de luxo algarvio. O espaço não era estranho à criança, mas desta vez o apelo da piscina impôs-se. Aproveitando uma pequena distracção dos adultos, aproximou-se demasiado, tanto que a boneca que levava ao colo caiu na água. Numa tentativa de a apanhar acabou por cair à piscina.

"A avó e o dono da casa viram- -na mergulhar e correram de imediato", contou ao DN Rui Carrega, o pai da criança. "Foi uma questão de segundos, o senhor fez-lhe imediatamente respiração boca a boca, a minha filha ainda vomitou…", mas foi perdendo a vida. Quando a equipa do INEM chegou, "continuou a tentar reanimá-la, durante 40 minutos, ali mesmo à beira da piscina. E foram repetindo o suporte básico de vida a caminho do Serviço de Urgência Pediátrica, onde mais médicos e enfermeiros já esperavam por Beatriz na sala de directos. Aí tudo continuou a ser feito por mais meia hora, sempre sem sucesso", explicou ao DN Maria Carrega, a mãe da menina, sempre de olhos postos no chão.

Xenica, como era carinhosamente conhecida a menina, morava com a avó e os pais no Areal Gordo, uma zona rural de Faro.

O tanque inacessível a crianças e o portão de ferro sempre fechados são apontados pelos pais da menina como alguns dos cuidados que sempre tiveram para evitar acidentes. Rui e Maria Carrega mal conseguem falar. Têm 26 e 25 anos, Beatriz era filha única, e o nome está tatuado no pulso esquerdo da mãe.

Ontem, a casa encheu-se com duas dezenas de amigos e familiares que quiseram apoiá-los num momento que parece insuperável. A avó, Lucília Carrega, não apareceu no pátio onde a maioria se concentrava, mas ouvia-se soluçar dentro de casa.

De acordo com um testemunho ouvido no Serviço de Pediatria, "não passaram mais de dois minutos na água". É sempre tudo muito rápido, lembra a Associação para a Segurança Infantil, que repetidamente vai alertando as famílias: "A morte por afogamento é rápida e silenciosa." Beatriz é a primeira criança a morrer desta maneira na região do Algarve.

Em 2009 perderam a vida vítimas de afogamentos pelo menos 17 crianças, ainda assim um número inferior ao registado em 2008. Acredita a APSI que isso se deve em parte às insistentes campanhas que têm sido lançadas por todo o País. A próxima é apresentada para a semana e volta a lembrar que os afogamentos são a segunda causa de morte acidental em Portugal. E que a criança não esbraceja, não grita, não faz barulho quando cai à água. Apenas se deixa ir num silêncio absoluto.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt