O Movimento Europa e Liberdade (MEL) realiza entre terça e quarta-feira a sua III Convenção, centrada na "reconstrução" do país, na qual se estreará Rui Rio, que se junta aos já repetentes líderes do CDS-PP, Chega e Iniciativa Liberal..Em declarações à Lusa, o presidente do MEL, Jorge Marrão, explicou que os convites foram dirigidos "aos partidos que são alternativa à atual governação" e considerou que, enquanto movimento cívico, não têm de "pedir licença" a ninguém para desenhar o modelo das suas convenções.."O que estamos a estimular é a construção de ideias para esta reconstrução e reconfiguração, não é um espaço para fazer uma crítica permanente ao estado atual das coisas, é saber o que é que o país precisa e o que podemos trazer de novo", afirmou..O presidente do MEL, cujos membros referiu situarem-se maioritariamente no espaço do "centro e do centro-direita", defendeu que o objetivo da convenção "é fazer um debate cívico e político, mas que não é um debate partidário".."Há uma tendência, que nós queremos contrariar, de transformar todos os debates da sociedade em debates partidários, esse não é o nosso desígnio", assegurou..O tema central da convenção, "Portugal e os portugueses - Reconfiguração social, política e económica para as próximas décadas", foi escolhido por o país estar a atravessar uma crise sanitária "à qual se vai suceder uma crise económica", que, para o MEL, "vai obrigar a que um conjunto de políticas públicas tenham de ser modificadas".."Seguindo até as palavras do professor Marcelo Rebelo de Sousa, é a ideia de uma reconstrução nacional (...) Os partidos, na nossa opinião, vão ter de repensar as suas estratégias partidárias face à natureza da crise", defendeu, apontando para necessidade de uma "maior integração com as políticas públicas europeias e de muito maior liberdade económica e cívica"..Outro dos objetivos do MEL é a "construção de pontes", e por isso, salientou o presidente do movimento, estarão também presentes na convenção pessoas de centro-esquerda "de qualidade"..Por exemplo, o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros do PS Luís Amado e o deputado socialista Sérgio Sousa Pinto participarão em painéis sobre "Um país pobre mesmo em tempos de grandeza" e "A intolerância cultural e a ditadura do politicamente correto", respetivamente, enquanto o antigo dirigente do PS Álvaro Beleza intervirá numa discussão sobre "O caminho das liberdades", em que também será orador o ex-ministro do PSD Miguel Poiares Maduro..Questionado sobre a estreia do líder do PSD em convenções do MEL - os restantes líderes partidários já tinham marcado presença -, Jorge Marrão considerou-a "relevante por ser o partido central da oposição em Portugal".."A necessidade de os partidos se irem entendendo sobre um conjunto de políticas públicas é decisiva neste momento, os eleitorados estão fragmentados e as sociedades polarizadas, não é possível avançar sem haver alguma concertação sobre algumas políticas públicas que são necessárias", defendeu..Às críticas à participação do líder e deputado único do Chega, André Ventura, na qualidade de orador isolado (o mesmo modelo de Rui Rio, Francisco Rodrigues dos Santos e João Cotrim Figueiredo), Jorge Marrão respondeu que "é um princípio básico da democracia respeitar a composição no parlamento", mas também com o interesse de ouvir todos os contributos e propostas..Também o antigo presidente do CDS-PP Paulo Portas terá honras de orador único num painel sobre "O mundo pós-covid: riscos e oportunidades"..Os sociais-democratas Miguel Morgado e Miguel Pinto Luz e a deputada do CDS-PP Cecília Meireles falarão sobre "A necessidade de convergência à direita e ao centro: o país em primeiro lugar", enquanto os líderes da Juventude Social-Democrata, Alexandre Poço, e da Juventude Popular, Francisco Camacho, debaterão o tema "Portugal e os caminhos do futuro"..Entre os onze painéis, Jorge Marrão destacou o que abrirá a convenção, e que parte de um ensaio feito pela historiadora Fátima Bonifácio sobre as relações dos portugueses com o Estado, ou outro marcado para terça-feira à tarde sobre "As causas míticas da divergência económica portuguesa", que terá como orador convidado Nuno Palma, professor de economia na Universidade de Manchester..A convenção do MEL, que se realiza anualmente desde 2019, muda-se este ano da Culturgest para o Centro de Congressos de Lisboa devido às restrições sanitárias e ao "grande número de inscrições", cerca de 700 pessoas divididas pelos dois dias, sendo também possível acompanhar os trabalhos online.