Medina: "É provável que filhos de franceses possam vir a cantar o fado"

A pressão turística em Lisboa pode acabar com os fadistas nascidos nos bairros históricos? Presidente da Câmara acha que os filhos dos estrangeiros que escolheram Lisboa para viver também podem vir a cantar o fado
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O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, desvalorizou a pressão turística nos bairros históricos como Alfama, dizendo que este é um processo que não é novo. "O processo de perda de população está menos ameaçado e, do ponto de vista da arte (fado), estamos numa época de crescimento e amplitude". O autarca falava ao fim da manhã na apresentação do festival Caixa Alfama, que decorre entre 15 e 16 de setembro naquele bairro lisboeta e que este ano conta com um palco dedicado inteiramente aos fadistas da freguesia, no Grupo Sportivo Adicense.

Questionado pelo DN se teme que em edições futuras o bairro deixe de ter fadistas residentes, Medina deu como exemplo o friso de novos fadistas que estavam sentados à sua frente na conferência de imprensa, "e toda uma geração que está a renovar o fado". Disse ainda que "é provável que tenhamos filhos de franceses que possam vir a cantar o fado". Aludia aos filhos de estrangeiros residentes que já estudam em escolas portuguesas.

Luís Montez, diretor da promotora Música no Coração, disse que este é um festival para "pessoas que amam Lisboa e o fado, não nos interessa se é chinês se é francês". Segundo o responsável, na edição do ano passado foram vendidos 800 bilhetes do Caixa Alfama a estrangeiros. Acredita que este ano as vendas possam aumentar, embora espere que os bilhetes esgotem rapidamente. Por outro lado, reconheceu que a pressão turística é um problema quando se trata de arranjar guitarristas para a noite do festival, uma vez que a maior parte deles trabalham em casas de fado muito procuradas por estrangeiros, que ali têm emprego um ano inteiro enquanto o Caixa Alfama acontece apenas uma vez por ano.

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