O excedente das contas públicas (medida em contabilidade de caixa) aumentou até uns expressivos 6.387 milhões de euros no período de janeiro a novembro, mais do triplo do valor (aumento homólogo de 244%) registado um ano antes, segundo valores avançados pelo gabinete do ministro das Finanças, Fernando Medina, numa nota enviada às redações, esta sexta-feira..É o maior excedente de que há registo nesta altura final do ano nas séries da Direção-Geral do Orçamento (DGO) consultadas pelo Dinheiro Vivo (DV), que remontam a 2013..Desde 2013, as contas públicas apenas registaram um excedente acumulado em novembro em duas ocasiões antes desta. Em novembro de 2019, quando o excedente dos 11 meses desse ano ascendeu a 575 milhões de euros..E em novembro do ano passado, quando o saldo positivo das contas chegou a uns impressionantes 1.855 milhões de euros..Os números atualizados da DGO reforçam a expectativa de que o governo vai mesmo conseguir entregar um excedente histórico (em contas nacionais, as que valem para Bruxelas), um máximo nunca visto equivalente a 0,8% do Produto Interno Bruto (PIB), como prevê o governo, ou mesmo superior, como antecipou já este mês o Banco de Portugal, apontando para um saldo positivo recorde de 1,1% do PIB..Segundo a nota do gabinete de Medina, "as Administrações Públicas registaram, na ótica da contabilidade pública [de caixa, diferença entre entradas e saída efetivas de valores], um saldo orçamental ajustado de 6.387 milhões de euros até novembro (+172 milhões de euros face a outubro e +4.306 milhões de euros face ao mesmo mês de 2022)"..Saldo ajustado significa que foi deduzido do valor elevadíssimo da receita a mais que entrou por via da integração do Fundo de Pensões da Caixa Geral de Depósitos nas contas públicas. No início deste ano, este fundo da CGD passou para a Caixa Geral de Aposentações (CGA), engrossando a receita do Estado em mais três mil milhões de euros de uma assentada por conta das responsabilidades de pagamento das pensões no futuro..A nota das Finanças, explica que em termos homólogos, a forte subida do saldo orçamental (excedente) reflete "uma melhoria da receita efetiva de 10,4%, em termos ajustados, em grande parte fruto da resiliência do mercado de trabalho (+14,7% de IRS e +10,7% de Contribuições Sociais)" e decorre de "um aumento da despesa efetiva de 5,8%, que passa para 8% se ajustado do efeito das medidas Covid-19 e do impacto do choque geopolítico".."O impacto das medidas associadas ao choque geopolítico ascendeu, até novembro, a 2.661 milhões de euros. Deste montante, 1.155 milhões de euros são medidas com impacto no lado da despesa, de onde se destaca o apoio extraordinário às famílias mais vulneráveis, incluindo o apoio para crianças e jovens e o apoio a setores de produção agrícola", refere o ministério das Finanças.."Do lado da receita sublinha-se um impacto de cerca de 1.507 milhões de euros, com destaque para medidas de redução de tributação sobre combustíveis e alimentos.".Leia mais em Dinheiro Vivo a sua marca de economia