A reunião do Ministério da Saúde com os sindicatos médicos foi suspensa, depois de as estruturas sindicais terem apresentado uma contraposta ao protocolo negocial para incluir, entre outras matérias, aumentos salariais. A indicação é de que será retomada dia 26 deste mês.."A proposta que o Ministério da Saúde colocou perante os sindicatos não respondeu ao que era básico, nomeadamente uma discussão sustentada em relação às questões estruturais", disse aos jornalistas o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), à saída da reunião com o Ministério da Saúde, onde estiveram também representantes das Finanças..Jorge Roque da Cunha salientou como positivo o facto de o processo negocial ter começado, mas sublinhou que "questões como a organização do trabalho médico, a organização na urgência e uma grelha salarial são essenciais para que os médicos continuem no Serviço Nacional de Saúde"..Em declarações aos jornalistas, Noel Carrilho, presidente da Federação Nacional dos Médicos (FNAM), considerou "absolutamente essencial" o facto de o objeto desta negociação incluam "as condições base para os médicos permanecerem no SNS".."Estamos a falar de temas importantes como a valorização do trabalho em serviço de urgência, da dedicação aqui chamada plena, mas que preferimos chamar exclusiva, da organização e disciplina do trabalho médico, isto é o que é proposto [pelo Governo]. Para nós é essencial que se trate da base, nomeadamente da valorização transversal remuneratória na carreira", afirmou o responsável, insistindo que "sem se falar disso, tudo o resto será ineficaz para manter os médicos no SNS"..Noel Carrilho reconheceu que "há outras condições essenciais para manter os médicos no SNS", mas sublinhou que a valorização do vencimento base dos médicos "tem de estar incluída no protocolo negocial".."Não havendo condições para chegar a esse entendimento nesta reunião, ficou suspensa para haver uma decisão por parte do Governo para esse tipo de evolução", afirmou..Questionado sobre se o Governo não quer incluir aumentos salariais nesta negociação, Roque da Cunha respondeu: "o que estamos aqui a falar é de criar as condições para ultrapassarmos os problemas que são evidentes perante toda a gente: aumento das listas espera de cirurgias e consultas, o caos que existe nas urgências e um continuo de saída de médicos do SNS".."Há 10 anos que a grelha salarial não é atualizada (...) e ao mesmo tempo há uma falta de investimento no SNS. Não são só questões salariais, são questões de falta de equipamentos e de condições de trabalho", acrescentou.