Médicos querem unir urgências com as de Dona Estefânia

O corpo clínico da Maternidade Alfredo da Costa (MAC) defendeu hoje a rápida unificação das urgências desta unidade com as do hospital Dona Estefânia, alertando que o futuro da MAC "pode estar comprometido a curto ou médio prazo".
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"Parece claro para todos que, no momento actual de contenção orçamental, não é lícito manter abertas em Lisboa, com localização extremamente próxima, duas unidades da mesma área, carenciadas de profissionais e que têm gastos orçamentais para se manterem abertas", afirmou hoje Ana Campos, directora do serviço de medicina materno fetal da MAC. Em conferência de imprensa, a responsável considerou existirem "vantagens evidentes na unificação" das urgências de Obstetrícia e Ginecologia dos dois hospitais. Ana Campos lembrou que este projecto de unificação "está em proposta há anos" e defendeu que "pode e deve concretizar-se rapidamente para, com maior racionalidade e menores custos, gerir os profissionais e equipamentos disponíveis". "O futuro pode estar comprometido a curto ou médio prazo", alertou.

O corpo clínico da MAC defendeu também hoje um adiamento da abertura dos serviços de Obstetrícia e Ginecologia e Neonatologia nos novos hospitais de parceria público-privada [prevê-se que no início do próximo ano seja inaugurado o hospital de Loures e posteriormente o de Vila Franca de Xira] "até 2016". Nos últimos anos, a MAC tem-se deparado com a saída de vários especialistas. Ana Campos revelou que, este ano, saíram da MAC quatro especialistas que praticam serviço de urgência, um por reforma e os restantes para exercerem em instituições público-privadas. A coordenadora do serviço de Urgência, Clara Soares, lembrou que, nos últimos três anos, a maternidade recebeu 19 internos para fazerem a especialidade, mas apenas um ficou na MAC. Além disso, disse Clara Soares, "os especialistas que têm saído - desde 2007 saíram mais de 20 - não foram substituídos".

"Isto prende-se com as diferentes ofertas que são feitas a nível do setor privado e dos hospitais público-privados, que não têm modo de ser acompanhadas na Função Pública, quer a nível de salário, quer a nível de quantidade de trabalho", afirmou. A coordenadora referiu que, perante isto, a MAC tem reduzido as equipas de urgência desde 2006. "Tínhamos dez equipas e atualmente temos sete, sendo que cada equipa faz um número de horas que é em 40 por cento superior ao que fazia há três/quatro anos", contou. Clara Soares lembrou que nessa altura foi pedido à tutela que avaliasse a possível junção das urgências da MAC com as de outros hospitais, nomeadamente a Dona Estefânia, para que houvesse uma "otimização de recursos". O corpo clínico da MAC considera que a capacidade de contratação para hospitais públicos está "seriamente comprometida".

Clara Soares garantiu que a instituição "nunca irá baixar o nível de qualidade de serviços prestados, nem irá pôr em causa a segurança das utentes e dos recém-nascidos". "Daí que, se não for possível ter um número de especialistas suficiente, não será possível assegurar [as urgências]", disse. "À margem da conferência de imprensa, em declarações à Lusa, Ana Campos disse que, caso tal aconteça, a MAC terá que "reduzir a capacidade de atendimento". No entanto, garantiu a médica, "neste momento isso não é posto em causa".

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