Médicos insatisfeitos com proposta do Governo. Acordo difícil

Eram 00:36 de domingo quando o Ministério da Saúde enviou a contraproposta a que se comprometeu enviar até às 15:00 de sábado para ser analisada. E, mesmo assim, segundo os dois sindicatos médicos, o que é apresentado está longe das propostas por eles apresentadas. Acordo pode estar por um fio.
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O Ministério da Saúde e os dois sindicatos médicos, Federação Nacional dos Médicos (FNAM) e o Sindicato Independente dos Médicos (SIM), voltaram a reunir-se nesta tarde, pelas 16:00, no edifício da João Crisóstomo, em Lisboa, mas oito horas depois não saíra ainda da reunião qualquer fumo branco sobre um eventual acordo, prometendo prolongar o braço de ferro pela madrugada e, eventualmente, por mais dias.

O ministério enviou pelas 00:36 de domingo a contraproposta a que se tinha comprometido entregar até às 15:00 de sábado, e, mesmo assim, as estruturas sindicais garantem que o que ali está "não satisfaz minimamente o que os médicos pretendem e apresentaram nas suas propostas", afiançou ao DN Joana Bordalo e Sá, da FNAM.

Jorge Paulo Roque da Cunha, que, na sexta-feira, saiu satisfeito da reunião com a tutela, foi o primeiro a afirmar que a contraproposta do Governo gerou "seríssima preocupação". Ambos os dirigentes concordam que o que ali é proposto "implica ainda mais trabalho para os médicos", o que "é inaceitável", reforça Joana Bordalo e Sá.

De acordo com o que apurou o DN, o Governo não "cede" no horários de 35 horas semanais. A primeira proposta da tutela previa um horário de 35 horas para os médicos que já faziam urgências desde que estes abdicassem do dia de descanso no dia seguinte. E o que é apresentado agora não é muito diferente, apenas permite que cada médico reduza uma hora por ano desde que os serviços atinjam determinados objetivos.

Por isto mesmo, os médicos dizem que "continua tudo a estar dependente dos "médicos". Os médicos defendem um horário semanal de 35 horas para todos os médicos e não só para os que fazem urgência, até porque é isso que está definido para todos trabalhadores da Administração Pública.

A mesma proposta fala ainda na redução das 18 horas para 12 horas de urgência também faseada no tempo e desde que esta redução não ponha em causa as escalas nas urgências, o que também "não é possível".

"O SNS precisa de mais médicos", têm dito os sindicatos, e muitos dos que fazem urgência já vão nesta altura do ano com 500 a 600 horas extras feitas sobretudo nas urgências, "não se pode pedir a estes médicos que trabalhem mais".

Perante isto, o DN questionou se ainda será possível um acordo, a dirigente da FNAM admite ser difícil, mas, afirma, "vamos a esta reunião precisamente para fazer ver à tutela que o Serviço nacional de Saúde está a ruir e que, desta forma, não restarão médicos no serviço público".

O DN soube ainda que a proposta da tutela não contempla um único ponto sobre a valorização da grelha salarial dos médicos, que era dos três pontos reivindicativos da proposta conjunta dos sindicatos entregue na sexta-feira à tutela: reposição das 35 horas para todos os médicos, reposição da valorização salarial, com 30% de aumento para todos os médicos, reposição das 12 horas de urgência.

O ministro Manuel Pizarro afirmou na sexta-feira que a tutela estava disponível para um acordo, mas que este "não poderia colocar em causa o funcionamento do SNS".

atualizado às 00:44

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