As oito pessoas sentadas na sala de espera faziam que o espaço parecesse vazio. No atendimento, só uma administrativa, mas o suficiente para aquela quarta-feira, já perto da hora de almoço O silêncio na sala contrastava com a confusão, a tensão e até a agressividade, tantas vezes sentidas em outras unidades de saúde. O espaço, amplo, com muita luz e a deixar ver condições "excelentes", como depois nos confirmaram, talvez também contribua para a atitude..A verdade é que aquela unidade não é uma unidade qualquer. É das mais recentes no país, abriu portas no dia 10 de dezembro e está a ser construída de raiz, por sete médicos, seis enfermeiras e três administrativas. Desde a ideia, que surgiu dos médicos, seis mulheres e um homem, ao projeto em papel que já contou com a participação de mais seis enfermeiras e de três administrativas, até agora, ao dia-a-dia, em que vão acrescentando sempre mais alguma coisa ou corrigindo outras..Todos acreditam que, passo a passo, deixarão de ser uma "unidade de saúde familiar embrião" para se tornarem uma unidade que possa fazer a diferença na vida das pessoas e no Serviço Nacional de Saúde (SNS). Este foi o mote que os levou a apresentar, no início do ano passado, um projeto à Entidade Reguladora de Apoio (ERA) às unidades de saúdes familiar (USF) para a criação de uma nova USF na zona da Alameda, centro de saúde onde todos trabalhavam. O projeto foi aceite, depois foi o tempo de esperar que lhes cedessem um espaço. Quando tal aconteceu, a mudança foi rápida..A USF do Areeiro tornou-se em mais uma extensão do centro de saúde da Alameda, para servir cerca de dez mil utentes das freguesias de Arroios e do Areeiro. O número de utentes é o adequado à equipa de profissionais, que tem como objetivo "melhorar a acessibilidade e promover a satisfação dos utilizadores e dos profissionais", através de empenho, rigor e eficácia coletivos..Para o Areeiro os médicos levaram consigo os utentes que já acompanhavam, cerca de 20% dos inscritos na Unidade de Cuidados Saúde Personalizados (UCSP) da Alameda, assim se designa agora, embora corresponda ao funcionamento de um antigo centro de saúde. De acordo com dados oficiais, ali estão inscritos 56 349 utentes, 33 996 com médico de família e sem 21 759. .Na nova unidade, as listas de utentes estão completas, não há mais vagas, mas, no final do mês, vão ser revistas, porque há quem queira ficar na Alameda, e assim poderão entrar utentes novos. "A todos foi perguntado se queriam vir connosco ou ficar, e alguns querem ficar. São sobretudo idosos, que residem junto à unidade da Alameda, e que acham que o Areeiro fica muito longe", explica ao DN a coordenadora da nova USF, a médica Inês Gama, de 31 anos..Prestar cuidados a todas as classes sociais, todas nacionalidades e a várias gerações.Inês Gama conheceu Mariana Lemos ainda no curso de Medicina na Faculdade de Lisboa, tornaram-se amigas, escolheram a mesma especialidade, medicina geral familiar, mas fizeram o internato em USF diferentes, uma num agrupamento de Lisboa, outra num em Almada-Seixal. Durante a especialidade conheceram os outros colegas que integram este projeto. E foi entre formações, congressos e muitas conversas sobre o que estavam a fazer e o que gostavam de vir a fazer que os sete médicos perceberam que queriam o mesmo: prestar cuidados de saúde a todas as pessoas, de todos os estratos sociais, de várias gerações, nacionalidades diferentes, não importava quem. Só queriam fazer a diferença na vida das pessoas, "sabemos que não é possível em todas, mas em algumas, e isso é muito gratificante", afirma Inês Gama.."Eu era a única que estava a fazer a especialidade num agrupamento fora de Lisboa, conhecia melhor uns colegas do que outros, mas identificámo-nos logo muito entre nós em relação à forma de trabalhar e de servir o utente. À medida que nos fomos conhecendo decidimos que iríamos concorrer todos à mesma unidade para trabalharmos juntos", explica. E foi assim que, em setembro de 2018, e depois de completarem a especialidade, concorreram todos às vagas existentes na Alameda, "sempre é diferente concorrer-se a uma unidade onde sabemos que vamos trabalhar com pessoas que conhecemos ou a uma onde só há uma vaga e onde não conhecemos ninguém", argumenta a jovem médica..Os sete entraram e foi ali que iniciaram a sua prática clínica como médicos especialistas. Ali conheceram também enfermeiras, muito motivadas, algumas foram para os cuidados primários, depois de fazerem carreira na vida hospitalar, mas todas queriam experienciar outros projetos e outra forma de prestar cuidados de saúde. A esta equipa juntaram-se três secretárias clínicas, administrativas, também da Alameda, que queriam o mesmo, agora já têm mais duas funcionárias da limpeza e um vigilante.."O centro de saúde da Alameda é muito grande, tem muitos profissionais e conhecemos um grupo de enfermeiras muito motivadas para trabalhar as várias áreas e com muita vontade de fazer diferente. E começámos logo todos a pensar organizar uma candidatura para uma USF", conta Inês Gama ao DN, numa conversa no seu gabinete, no terceiro andar do edifício camarário existente entre as Olaias e o Areeiro.."O projeto foi logo deste grupo de médicos, de cinco das enfermeiras e de uma administrativa, depois começámos a convidar outras pessoas e todas abraçaram muito bem a ideia, porque todos partilhávamos valores em comum e formas de trabalhar em comum. Foi isso que nos levou a avançar com a candidatura", confirma..Falaram muito, questionaram se deveriam avançar ou não, mas uniram-se na construção deste projeto. Nas reuniões com a ERA explicaram a sua motivação, mostraram o seu empenho e a vontade de obter ganhos em saúde, mas falaram também em como acreditam num serviço como o do SNS e em como ainda há profissionais de saúde que querem fazer a diferença..Medicina geral e familiar, a especialidade maior que trata todas as pessoas.No início de dezembro começaram a receber os utentes, e mais tarde souberam que aquela era a unidade onde o primeiro-ministro António Costa iria gravar a sua mensagem de Natal, não sabem se por ser a mais recente, se por ser, de facto, um projeto de profissionais de saúde que acreditam no SNS e em como neste se pode ainda fazer melhor.."Se não acreditássemos no SNS não estaríamos aqui", responde prontamente Inês Gama, a médica que desde pequena sonhava tratar pessoas, embora digaque "não é que o sonho de ser médica fosse muito palpável, não consigo precisar quando surgiu, talvez numa das muitas vezes que fui ao consultório da minha pediatra, que adorava, mas lembro-me de andar no terceiro ou no quarto ano e de já dizer que queria tratar pessoas"..Depois, no secundário, teve mais certezas e começou mesmo a estudar para ter boas notas e entrar em Medicina. Conseguiu. Agora, à distância, percebe que a especialidade de medicina geral e familiar sempre foi a que fez mais sentido, porque é, defende, "a especialidade em que somos verdadeiramente médicos. É uma especialidade maior, aquela que trata 90% dos problemas de saúde da população. É a especialidade em que nunca posso dizer a uma pessoa: 'Não a trato, porque isso não é comigo. É com o meu colega de urologia ou de cardiologia. É sempre comigo, mesmo que tenha de a encaminhar para outra especialidade. É nosso dever fazê-lo, mas é sempre connosco. E o facto de não interromper o seguimento de uma pessoa, para mim, como médica, faz todo o sentido e é por isso que digo que esta especialidade é única.".Inês Gama confessa ser uma pessoa obstinada, que quando mete uma coisa na cabeça tem de a fazer. Foi assim quando percebeu que queria ser médica. Hoje tem mais certezas ainda do que quer fazer e onde, uma delas é querer ser médica no SNS. "Para mim há três razões principais, que não sei dizer qual a mais forte, para estar como médica no SNS", explica. "Primeiro, por ser o serviço que tem uma abrangência enorme de utentes a quem prestamos cuidados, utentes de todos os estratos sociais, de todas as nacionalidades, de todos os graus de escolaridade, não há uma unidade privada onde se possa prestar cuidados desta forma. Para mim é uma questão de justiça social e aqui sinto que sou realmente médica de todos, de todas as pessoas, o que me faz ficar muito satisfeita ao longo do meu dia.".Mas não só. Para a médica o SNS é também o serviço onde considera que pode exercer a especialidade que escolheu "de forma mais completa. Só no SNS seguimos as pessoas do princípio ao fim da vida, em todo o seu ciclo de vida, da gravidez das mulheres ao pós-parto, de de recém-nascido à infância, à fase de adulto até aos idosos. Não há um sítio onde um médico de família siga, pelo menos por enquanto, todo um agregado familiar. Na medicina privada as crianças são seguidas pelo pediatra, as grávidas pelo obstetra"..É assim que a sua especialidade lhe faz sentido, e a segunda razão tem exatamente que ver com isto, com "esta abrangência. Trato um agregado familiar inteiro, o que também me permite tratar as pessoas de uma forma muito diferente. Saber que aquela senhora está ansiosa porque aconteceu uma doença ao marido faz que tenha muito mais informação sobre ela do que se me aparecesse isolada numa consulta. Para o médico de família a pessoa está inserida no seu meio familiar e social. É por isso que os centros são colocados junto às zonas em que as pessoas vivem, e não faz outro sentido que não seja no SNS", argumenta..A terceira razão já tem que ver com o trabalho em equipa, "trabalhamos melhor quando trabalhamos em equipa e quando temos uma equipa a lutar pelos mesmos objetivos, esse trabalho só pode trazer mais empenho e motivação, e penso que também não seria feito da mesma forma fora do SNS, também nunca trabalhei no privado mas acho que não é a mesma coisa"..Tornar a acessibilidade mais fácil.No tempo que o DN passou na nova USF do Areeiro o conteúdo das respostas repetia-se. Ali, ninguém está obrigado, está porque acredita numa forma diferente de prestar cuidados. A unidade abre portas às 08.00 e fecha às 20.00. A resposta às marcações de consultas de rotina tem sido uma média de dois a três dias, quem tem urgências não sai sem ser visto, tem levado entre dez e 15 minutos a serem observados, mas também já houve dias em que levou mais tempo. "Até agora temos conseguido dar resposta em pouco tempo, quando não o conseguirmos também vamos ter de pensar e refletir sobre como mudar. Até agora, acreditamos que estamos a dar um serviço aos utentes melhor do que tinham, no sentido em que a acessibilidade é mais fácil.".inscritos unidades saude Infogram.É certo, reconhece também, que ali "o volume de trabalho é menor. Os utentes são em número mais limitado", mas importante é que "a pessoa chega e consegue consulta mais rapidamente, sendo observada por um enfermeiro e por um médico, e consegue resolver o seu problema de saúde sem ter de estar numa fila às oito da manhã ou antes ou ter de passar horas no centro de saúde". Acrescentando: "Só o facto de a pessoa chegar a um sítio calmo e ser bem atendida logo à partida permite que as consultas e que os cuidados clínicos corram de forma mais tranquila. Esta é uma das diferenças que sentimos. Na Alameda, as pessoas chegavam ao pé de nós e diziam: 'Eu fico mais doente só de vir aqui'.".Vanessa tem 26 anos e duas filhas, de 7 e 3 anos. Está na USF do Areeiro pela primeira vez. De manhã teve consulta para ela, ao início da tarde para as filhas. "Estou a gostar muito, na Alameda era muita confusão, até evitava ir lá, aqui estamos a ser muito bem atendidos.".O médico lituano que se apaixonou por Portugal.Ela estava na consulta de enfermagem com as filhas, antes de serem vistas pelo médico de família que as vai acompanhar, Arturas Slidziauskas, de 33 anos. Um lituano que veio a Portugal durante o curso de Medicina que veio fazer Erasmus a Coimbra, nos Hospitais Universitários, se apaixonou e decidiu que voltaria. "Na faculdade já fazia parte de uma geração que queria seria do nosso país para conhecer e viver em outros países, já estava a aprender português, quando cheguei cá, em 2009, gostei muito e apaixonei-me.".Voltou a Kaunas para terminar o curso, continuou a aprender português, e em 2012 regressou. Inscreveu-se para fazer o ano comum e o Harrison, o exame à especialidade, queria também MGF e foi colocado num dos estágios na USF Abecassis, junto ao Rato, em Lisboa, que diz ser "uma unidade que funciona muito organizada e a funcionar muito bem"..Ali, Arturas teve como orientador "um excelente profissional e uma excelente pessoa, um bom amigo. Tudo o que estou a aplicar na comunicação com o doente aprendi com o Dr. Fernando Morgado", conta..No internato conheceu os colegas com quem agora partilha este projeto. "Conhecemos as personalidades e as ideias uns e dos outros e este projeto nasce desta vontade de querer mostrar aos utentes que podemos ajudá-los e trazer-lhes até muitas coisas boas na área da prevenção. Queremos ter aqui uma equipa muito familiar e muita próxima ao utente e prestar-lhe os melhores serviços. Temos todos o interesse de promover cuidados de saúde que não se fazem a despachar, queremos conhecer as famílias, o ambiente em que cresceram, em que moram, e começar a chamar a atenção para a educação na saúde, porque o nosso objetivo é que esta nova geração seja já uma geração mais saudável", explica o médico num português já perfeito, rindo-se quando lho dizemos. "Tem dias", responde..Na USF do Areeiro, e à semelhança das outras, cada médico tem o seu horário dividido por cuidados de saúde familiar, saúde materna ou infantil. "Os meus utentes sabem que as crianças são vistas sempre à quinta-feira de manhã. E as pessoas também se habituam a estas rotinas, mas se falta um colega eu vejo os doentes desse colega", explica a coordenadora da USF..Por agora estão sete médicos, seis a tempo inteiro e uma a meio tempo, porque está a fazer doutoramento, mas as USF estão pensadas para poderem integrar dez médicos. São também seis enfermeiros, mas estão cinco, porque uma ainda se encontra de licença de maternidade, são cinco administrativos, mas ainda estão só três. "É aqui que ainda temos a maior falta de recursos", confirma. Rita Nobre, a secretária clínica que de imediato se juntou ao projeto, explica que "muito em breve teremos de ter uma quarta pessoa, até porque depois se vão aproximar as férias e o nosso objetivo é responder sempre e com rapidez ao utente"..Rita, de 54 anos, também vem do centro de saúde da Alameda, nem sempre esteve ligada à área da saúde, trabalhou numa empresa de transitários, e só depois entrou no mundo da saúde, primeiro como telefonista, depois por concurso foi passando para o atendimento. É o que gosta de fazer, embora saiba que "é muito difícil qualquer atendimento ao público, costumo dizer que qualquer formação nesta área só mesmo com a prática. Há pessoas que aceitam bem tudo, há pessoas que são mais exaltadas e tensas. E nós, que ali estamos à frente de uma unidade, temos de tentar manter sempre a mesma a atitude, que é a de tentar resolver o problema da pessoa que ali vai", afirma..Sabe que um sorriso nos lábios pode mudar muita coisa, mas isso, "faz parte da nossa personalidade, da nossa maneira de estar na vida, ajuda, mas nem sempre é o que nos dá mais profissionalismo". O mais importante, diz, é responder ao utente de forma rápida, e à equipa de profissionais também, agilizar o serviço e resolver o que ali aparece pela primeira vez e que muitas vezes não sabem como o fazer..Consultas em inglês ou com o Google Tradutor a ajudar.A USF do Areeiro espelha bem o que é hoje a cidade de Lisboa. Um mix de nacionalidades, sobretudo utentes de Nepal, Bangladesh, Índia, Brasil, China, de Leste, etc. "Temos muitas consultas em inglês, e quando assim é já é muito bom, porque conseguimos comunicar com o utente, porque há situações em que temos de ir para o computador e fazer a consulta através do Google Tradutor. Às vezes, não corre bem, noutras há utentes que já trazem tradutor para a consulta e que até saem do consultório para ir buscar outra pessoa que está na sala de espera. Dizem-me, está ali um que é do meu país e sabe melhor do que eu", conta Inês Gama..Sukanta, de 26 anos, é do Nepal. Está em Portugal há três anos, mas não fala bem português, prefere o inglês. Tem um bebé de 5 meses, já foi acompanhada no SNS, está ali para uma consulta de rotina, afirma que "tudo é bom" e que se entende bem com o inglês. Ela, o marido e o filho moram em Arroios, têm médico de família "e é muito bom"..Joaquina Hermínio, de 82 anos, e o marido José Hermínio, de 87, estão muito divididos. "Gostamos muito da nossa médica. É uma jovem, muito boa, mas isto aqui fica mais longe", afirma a mulher. Moram na mesma rua do centro de saúde da Alameda e "o meu marido escreveu um papel a pedir se podíamos ficar lá, mas se não tivermos médico de família, continuamos aqui", explica. O problema "é que para vir aqui temos de vir de táxi", argumenta José Hermínio, "ela quase que não se pode mexer, mas isto aqui tem outras condições", admitem..Talvez Joaquina e José sejam dos utentes que permaneçam na Alameda, darão lugar a outros, a distância parece ser o seu maior problema, embora "seja uma distância de dez minutos. Têm de subir a Alameda, é certo, mas não percebem que isso não é tudo. Uma USF presta melhor cuidados e tem mais acessibilidade do que uma UCSP com muitos utentes", explica a enfermeira Filomena Bento, de 51 anos, com uma carreira de quase 30 feita no Hospital de Santa Marta, depois em Santa Maria, sempre na área da pediatria, no centro de saúde da Alameda e agora naquele projeto.."Apesar de ter estado sempre ligada à pediatria trabalhei em outras áreas na saúde como obesidade e diabetes, integro já o programa Diabetes em Movimento, e achei que a prevenção tem de ser feita nos cuidados primários. Foi o que me levou a sair dos hospitais. Estava na UCSP da Alameda há ano e meio quando me convidaram para este projeto e decidi aceitar", conta..Numa USF tudo é diferente, tudo é discutido, o próprio modelo e a organização tem uma base horizontal. "Decidimos as coisas em equipa, cada um tem um voto que vale o mesmo que o meu ou de qualquer outro", explica Inês Gama. Para a equipa de enfermagem "tudo é discutido, qualquer ato que se pratique, em qualquer situação que apareça é possível chamar o médico, discutir o caso e, muitas vezes, fazer logo a prescrição", reforça Patrícia Figueira, de 36 anos, enfermeira há 15, no Hospital de São José, depois no centro de saúde da Alameda e agora ali..Saiu da vida hospitalar porque também queria experimentar os cuidados primários, acredita no SNS, "como profissional e como utente. Penso que está muito melhor, apesar do que aparece na comunicação social, há um esforço imenso de todos, pode não se sentir muito isso a nível hospitalar, mas há investimento nos cuidados primários, que é onde tudo começa", refere. Marta Teixeira, de 39 anos, está ali pela mesma razão, poder "prestar cuidados de saúde de outra forma"..No fundo, foi este lema que os uniu. Como USF têm vários projetos, "ainda dentro da gaveta, mas que vamos começar a tirar", sublinha Inês Gama. Querem apostar em projetos na área da obesidade, na diabetes, na prevenção e na educação da saúde. Querem fazer sessões com a população para lhes passar mais informação e dar mais educação para a saúde, querem promover atividades de exercício físico e outras, até para os jovens durante as férias. Têm muito para fazer. mas também têm a noção de que todos são importantes nesta equipa para atingir os resultados que pretendem: mais ganhos em saúde, mais gerações saudáveis e uma acessibilidade mais rápida e eficaz..Da equipa da USF do Areeiro fazem ainda parte as médicas Ana Bastos Dias, Inês Calvinho, Inês Venâncio, Mariana Lemos e Sara Pessoa. Todas entre os 31 e os 33 anos, na equipa de enfermagem estão ainda Elisabete Bento, de 43 anos, Fernanda Santos, de 56, e Fátima Correia, de 49. Nos administrativos, além de Rita Nobre, estão Helena Domingues, de 54, e Paula Martins, de 50. "Ninguém foi obrigado. Todos vieram porque quiseram", diz a rir Inês Gama..A agenda está aberta até março, nessa altura a equipa fará uma avaliação do que está a correr bem ou não. Querem trabalhar para fazer a diferença. "Quando tenho um pai nepalês com uma criança doente ao colo, que precisa de uma consulta, e lhe digo que ele e a mulher também passarão a ser meus utentes, e os olhos dele brilham, porque não fazia ideia de que tinha este direito, sentimos que estamos a fazer a diferença. E isso é muito gratificante", confessa Inês Gama.