Médico holandês fez 49 inseminações artificiais com o seu sémen ocultando quem era o dador
O holandês Jan Karbaat ficou conhecido como o "médico inseminador" depois de ter utilizado o seu sémen em pelo menos 49 inseminações artificiais da sua clínica sem o conhecimento dos seus clientes. O ginecologista, que morreu em 2017 aos 89 anos, era proprietário de uma clínica na cidade de Roterdão e, sem dadores suficientes, ele próprio intervinha ocultando no entanto a proveniência do sémen, segundo o jornal espanhol El País.
Os testes de ADN, autorizados pelo tribunal e feitos no Wilhelmina Hospital Canisius em Nijmegen, confirmaram esta sexta-feira as suspeitas lançadas há dois anos por um dos seus filhos legítimos que pediu para que o seu ADN fosse cruzado com o de outros 18 filhos de mulheres que recorreram à clínica. "Havia várias crianças parecidas fisicamente com Karbaat durante muitos anos, mas era importante ter a certeza disto", diz Ties Van der Merr, da Fundação das Crianças Dadoras.
As famílias visadas colocam a hipótese de pedir uma indemnização aos familiares de Karbaat por danos emocionais e despesas com o processo. Acusam o médico de ter violado a ética profissional e denunciam a ausência de controlo das clínicas de fertilidade.
"Estas mulheres estavam num dos momentos mais frágeis das suas vidas e foram convencidas de que o dador era anónimo. Ele brincou com elas e não tomou em consideração as consequências dos seus atos", referiu Moniek Wassenaar, uma das recém descobertas filhas do médico.
Nas décadas de 1980 e 1990, a clínica recebeu cerca de seis mil mulheres para fazerem inseminação artificial. E só encerrou as portas em 2009 depois de uma inspeção sanitária ter detetado falhas administrativas como falta de registos nos processos dos seus clientes e um número de filhos por dador superior ao permitido - seis.
A inseminação artificial na Holanda é feita desde 1970 e a partir de 2004 ficou estabelecido que os filhos concebidos desta forma podem pedir informações sobre o dador a partir dos 16 anos.