May cria grupo de trabalho sobre o backstop e vai à Irlanda do Norte

Primeira-ministra britânica anunciou criação de um grupo de trabalho que inclui cinco deputados do Partido Conservador, três a favor e dois contra o Brexit, dando-lhe três dias para tentar encontrar as chamadas soluções alternativas para o controverso mecanismo do backstop
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Downing Street anunciou a criação de um grupo de trabalhado composto por cinco deputados do Partido Conservador, dando-lhes entre hoje e quarta-feira para encontrarem soluções alternativas ao controverso mecanismo do backstop.

Este mecanismo de salvaguarda, destinado a evitar uma fronteira física entre a Irlanda do Norte e a Irlanda no pós-Brexit, foi o motivo que levou ao chumbo do acordo do Brexit na câmara dos Comuns a 15 de janeiro.

Na semana passada, o Parlamento britânico votou para mandatar a primeira-ministra britânica, Theresa May, a renegociar este acordo com a UE27, mas sem a parte do backstop, encontrando soluções alternativas.

A questão é que a UE27, os líderes do Conselho Europeu, Comissão Europeia e Parlamento Europeu dizem que o acordo do Brexit, fechado entre Londres e a UE27 no final de novembro, é o melhor possível e não está aberto a renegociação.

O "Alternative Arrangemenst Working Group", assim se chama o grupo de trabalho agora criado por May, inclui três deputados pró-Brexit (Steve Baker, Owen Patterson e Marcus Fysh) e dois contra o Brexit (Damian Green e Nicky Morgan). Todos do seu Partido Conservador. O grupo está a contemplar vários cenários e entre eles, avança a BBC, está o de o Reino Unido pedir uma extensão do período de transição durante um ano, ou seja, até ao final de 2021 e de proteger os direitos dos cidadãos, em vez de existir um backstop para a questão das Irlandas.

Os membros do grupo terão reuniões com vários responsáveis, entre eles o ministro do Brexit, Stephen Barclay, tendo o ministro do Interior, Sajid Javid, afirmado "que poderia ser usada tecnologia que já existe" em alternativa ao backstop. Em reação a isto, o primeiro-ministro da República da Irlanda, Leo Varadkar, acusou o governo do Reino Unido de estar a passar em revista ideias "que já foram rejeitadas" e lembrou que o backstop foi concebido para evitar "em quaisquer circunstâncias" o regresso de uma fronteira física entre a Irlanda do Norte (parte do Reino Unido) e a Irlanda (país). "É muito frustrante ver que o governo britânico está outra vez a voltar ao assunto da tecnologia", disse Varadkar, à rádio RTE.

Ao mesmo tempo foi anunciado, esta segunda-feira, que Theresa May se deslocará à Irlanda do Norte na terça-feira, no sentido de assegurar, junto das comunidades locais, o compromisso do seu governo em evitar o regresso de uma fronteira física. A visita da primeira-ministra àquela província onde durante décadas houve um conflito sangrento entre unionistas protestantes e republicanos católicos foi anunciada por Downing Street e avançada pelo site do Guardian. Na Irlanda do Norte, onde a paz só regressou 3500 mortos depois e com o Acordo de Sexta-feira Santa, assinado em 1998, May irá fazer um discurso.

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