Maurizio Zamparini, o devorador de treinadores

O mais temperamental dos presidentes no futebol europeu coleciona 33 mudanças de treinador desde que comprou o Palermo, em 2002 - e 58 se acrescentarmos os 15 anos em que esteve à frente do Veneza. Agora, aos 75 anos, ameaça sair, em junho
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O futebol sempre teve a sua dose de dirigentes intempestivos, gestores de "gatilho fácil" que encurtam os prazos de entrega de resultados até ao limiar do absurdo. O espanhol Jesús Gil y Gil, por exemplo, famoso presidente do Atlético de Madrid que contratou Paulo Futre nos anos 1980, foi um dos mais excêntricos, acumulando 30 treinadores em 16 anos de presidência.

Mas até Gil y Gil correria o risco de passar a imagem de um sensato líder na comparação com Maurizio Zamparini, o irascível empresário italiano que é presidente do Palermo e já vai em 33 mudanças de treinador desde que adquiriu o clube siciliano em 2002 - uma contabilidade que aumenta para 58 se juntarmos os 15 anos anteriores em que foi presidente do Veneza.

Ora, após a jornada deste fim de semana na Série A, na qual o Palermo perdeu mais um jogo, na visita ao Inter de Milão (3-1), ficando com apenas um ponto de vantagem sobre a zona de descida, Zamparini anunciou um novo recorde no campeonato italiano: a sexta mudança de treinador desta época.

E, como quase sempre, a história tem contornos irracionais. O presidente do Palermo acusou o técnico Giuseppe Iachini de ter "enlouquecido" e querer "abandonar o clube", apenas três semanas depois de ter assumido o cargo. "Ele não quer falar com ninguém no clube. Enlouqueceu, não é a mesma pessoa. Um presidente já não pode dizer nada sobre a equipa?", questionou Zamparini a uma rádio local, ainda esperançado em ver o técnico voltar atrás.

Então e o que disse Zamparini sobre a equipa e o treinador após a derrota contra o Inter? "Iachini é um idiota que faz a equipa jogar mal e que só sabe perder jogos. E depois não sabe aceitar críticas. Tem uma mentalidade de perdedor e não quero saber dele." Humm, pois...

Para acrescentar mais uma pitada de surrealismo, refira-se que Iachini, de 51 anos, regressou ao comando técnico do Palermo no dia 15 de fevereiro, três meses depois de ter sido o primeiro treinador despedido por Zamparini nesta temporada.

Na altura, a meio de novembro, Iachini deu lugar a David Ballardini. Este durou dois meses, até janeiro, saindo por "se recusar a falar com os jogadores". Seguiu-se o argentino Guillermo Barros Schelotto, mas a contratação ficou sem efeito por falta de licença de treinador da UEFA. E sucederam-se, de forma temporária, Fabio Viviani, Giovanni Tedesco e Giovanni Bosi até o Palermo voltar à fórmula inicial, recontratando Giuseppe Iachini.

Agora, Maurizio Zamparini, de 75 anos, considera-se injustiçado pelos críticos e adeptos que o acusam de ser o fator desestabilizador do Palermo. E ameaça sair em junho. O extraordinário é que, no meio deste caos, a equipa ainda resista acima da linha de água, em 17.º lugar.

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