Matou amigo à tesourada e foi gabar-se para o café

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Carlos Costa, 38 anos, foi morto a golpes de tesoura por um jovem amigo de 18 anos. Ricardo Moreira, conhecido na freguesia de Macieira como um indivíduo violento, confessou o homicídio em pleno café onde antes tinha bebido uma cerveja com a vítima. Não soube explicar o motivo do crime
A freguesia da Macieira, em Lousada, está em estado de choque com o assassínio "à tesourada" de um homem que era considerado a "mascote da terra". O assassino foi, alegadamente, outro natural da localidade, um jovem de 18 anos já detido pela GNR e que, por pouco, escapou a um linchamento popular. Horas depois da morte de Carlos Ferreira da Costa, 37 anos, toda a aldeia procurava explicações para o caso.


"Nheca", como era carinhosamente tratado Carlos Ferreira da Costa, vivia sozinho nuns anexos cedidos por um amigo. Com uma grave deficiência física ao nível das pernas e com dificuldades na fala, o homem estava aposentado e beneficiava do rendimento social de inserção. Mas, apesar destas dificuldades, "Nheca" era uma figura querida das gentes daquela freguesia de Lousada. "Era a mascote da terra. Toda a gente lhe queria bem", recorda Paulo César, que todos os dias servia o almoço e o jantar a Carlos Costa no café Requinte. Ao lado, José Ferreira, 35 anos, concordava: "Era a alegria do povo."


Por isso, todos tentam perceber quais as razões para o crime ocorrido na noite de domingo, horas depois de "Nheca" ter saído do café Requinte. "Ele saiu daqui, sozinho, por volta das 19.00, mas ainda foi a outro café", conta Paulo César. O outro café é o Palmeira, onde a vítima chegou poucos minutos depois e no qual encontrou Ricardo Moreira, um rapaz de 18 anos mais conhecido por "Branquinho" e que é visto como um delinquente e autor de vários furtos na região. "Eles estiveram aqui antes de começar o jogo do Benfica. Já cá tinham estado de tarde a beber uma cerveja cada um, mas a essa hora não pediram nada. Estavam os dois calmos", relata Paula Moreira, proprietário do estabelecimento comercial.


Ainda antes do primeiro pontapé na bola, "Nheca" e "Branquinho" saíram em direcção à casa do primeiro mas, já depois de consumada a vitória dos encarnados, só o segundo voltou a aparecer no Café Palmeira. "O 'Branquinho' entrou no café com sangue na roupa e nas mãos e disse a um cliente que tinha matado o 'Nheca'. 'Vão lá ver se ele não está todo furado', foram as palavras dele. Mas ninguém acreditou, porque ele estava muito calmo e tem o costume de mentir", refere Paula Moreira.


Porém, já depois de Ricardo Moreira ter saído do café, um dos clientes foi averiguar a história e encontrou Carlos Ferreira da Costa ensanguentado no chão do quarto onde dormia. De imediato, a GNR montou uma caça ao homem, capturando o alegado homicida, que foi ontem presente a tribunal, já perto da 01.00.

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