Materiais Diversos põe toda a gente a dançar pelas ruas de Minde
Vinte pessoas de Alcanena e arredores juntam-se a cinco bailarinos profissionais e a dez músicos para criar O Baile, o espetáculo de Aldara Bizarro com que arranca quinta-feira, dia 10, mais uma edição do festival Materiais Diversos. Baseado no filme com o mesmo nome de Ettore Scola, este é um espetáculo criado com a comunidade e que é diferente em cada localidade onde se apresenta.
Durante alguns dias, os amadores juntam-se aos profissionais, para ensaiar depois do seu dia de trabalho. Aldara Bizarro costuma dizer que este "é um espetáculo para as pessoas quebrarem barreiras" - porque têm de dançar, têm de se tocar, têm de conversar e partilhar histórias e memórias em cima de um palco.
A ligação entre os artistas e a população é uma das características do Materiais Diversos, um festival que na sua sétima edição tem uma nova diretora artística: o festival foi criado por Tiago Guedes, coreógrafo "da terra", mas quando este assumiu, no ano passado, o cargo de diretor do Teatro Rivoli, no Porto, convidou Elisabete Paiva para estar à frente do Materiais Diversos.
"Era uma espetadora atenta do festival desde a sua criação", conta Elisabete Paiva que deixou o Centro Cultural Vila Flor, em Guimarães e aceitou trabalhar numa lógica completamente diferente, já não programando uma temporada mas um festival que dura pouco mais de duas semanas, embora com atividades (sobretudo na área da formação) que se estendem para além disso.
No essencial, o Materiais Diversos mantém as linhas com que até aqui se cosia. Tal como o nome indica, tendo a sua base na dança, não exclui as mais diversas artes (como a música, que está presente através dos coletivos Sopa de Pedra e Slow is Possible). Além disso, junta artistas portugueses (como Tiago Rodrigues) e estrangeiros (como Vincent Glowinski ou Volmir Cordeiro), novos (como Lander Patrick) e consagrados (como Vera Mantero).