Massacre de Burkina Faso foi realizado por crianças, diz embaixadora dos EUA na ONU
A maioria dos jihadistas que realizaram um massacre em Burkina Faso no início deste mês eram crianças, declarou, esta segunda-feira, a embaixadora dos EUA nas Nações Unidas, que pediu uma ação contra o recurso a crianças para a guerra.
"As crianças irão contar histórias que nenhuma criança deveria ser capaz de contar", disse a embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Linda Thomas-Greenfield, em videoconferência com outros chefes de Estado sobre crianças e conflitos. "De ser recrutada sob a mira de uma arma. De ser violada. De ser forçada a matar os seus próprios irmãos, os seus próprios pais", disse.
"Estas crianças geralmente não são mais altas do que as armas que carregam. É-lhes ensinado como cometer crimes de guerra antes mesmo de saberem contar", lamentou.
A 5 de junho, um grupo armado matou pelo menos 132 pessoas em ataques noturnos em Solhan, na região do Sahel perto da fronteira com Mali e Níger, o ataque mais mortal desde que a violência islâmica atingiu este país da África Ocidental em 2015.
Fontes locais elevam o número para 160 mortos, incluindo 20 crianças.
"Este grupo armado? Principalmente meninos entre os 12 e os 14 anos", disse Thomas-Greenfield na conferência. "Crianças a matar crianças", completou.
O porta-voz do governo de Burkina Faso, Ousseni Tamboura, disse na semana passada que crianças estavam envolvidas no ataque, mas não disse que elas constituíam a grande parte do grupo.
Disse que as suas informações foram baseadas em dados de suspeitos presos antes do massacre.
Thomas-Greenfield argumentou que a revelação foi apenas um exemplo horrível do recurso a crianças para serem soldados em conflitos.
O presidente da Estônia, Kersti Kaljulaid, o atual presidente do Conselho de Segurança, abriu a sessão nesta segunda-feira e também condenou o recurso a crianças para a guerra.
Em 2020, "a situação das crianças em conflito armado foi marcada por um número elevado e contínuo de violações graves" declarou.
"As crianças são um alvo mais fácil, por exemplo, para serem recrutadas por grupos armados, ou para serem casadas, sequestradas ou violadas", completou.