Máscaras dão "falsa sensação de segurança", diz Graça Freitas, mas China envia-as para Portugal
As máscaras são para a maioria dos cidadãos uma das medidas de prevenção mais visíveis contra o covid-19, mas a diretora-geral de Saúde não garante o efeito desejado e avisou até que usá-la é "uma falsa sensação de segurança". Para Graça Freitas, o principal é manter o "distanciamento social", bem como de evitar usar as mãos ao espirrar ou tossir, fazendo-o na direção do braço.
Este aviso é feito no dia em que vai chegar a Lisboa ajuda humanitária vinda da China, num avião que entre o material que traz estão máscaras.
Segundo as afirmações de Graça Freitas feitas esta tarde durante a conferência de imprensa para atualizar o boletim epidemiológico sobre o covid-19 em Portugal, muitas das máscaras de tecido "nem sequer são impermeáveis, pois com a humidade o vírus passa". Explicou que ao não usar um tecido próprio, "não se pode fiar na falsa proteção de uma máscara, é um bocado de tecido na boca".
Esse será o caso de máscaras que estão, diz, "a ser vendidas nas redes sociais e que nem valem a pena se nem forem máscaras". Considera que a "máscara não é a panaceia para tudo neste momento".
A diretora-geral de Saúde deu mesmo o exemplo da conferência referindo-se aos jornalistas presentes: "Estamos aqui a trabalhar sem máscaras e estamos distantes uns dos outros. Isso é que é fundamental. Não estamos a respirar ou a espirrrar para cima de outras pessoas, o mais importante é treinar o gesto e reduzir ao mínimo o contacto das mãos com a cara."
Quanto à especulação dos preços no que respeita a produtos próprios para evitar o contágio, a ministra Marta Temido referiu que essa "intervenção nos preços" vai ser fiscalizada "através das entidades competentes".
Ficou o aviso da diretora-geral de Saúde: "Não use máscara, é uma falsa sensação de segurança".
Uma mensagem que também está no site da Direção Geral de Saúde, onde "não se recomenda a utilização de máscara para proteção individual por pessoas sem sintomas (assintomáticas)" e que a "utilização correta de máscaras é somente recomendada para pessoas doentes, suspeitos de infeção por covid-19 e profissionais que prestem cuidados a doentes suspeitos de infeção."
Quanto ao uso de luvas, já a Direção-Geral da Saúde alertara esta sexta-feira para a possibilidade de não ser um procedimento eficaz na prevenção do contágio pelo coronavírus. "Se usadas inadequadamente podem ser um veículo de transmissão do vírus em vez de serem um meio de proteção. O uso de luvas quando não indicado, representa um desperdício de recursos".
Graça Freitas referiu-se também ao decréscimo dos últimos dias das taxas de crescimento, mas considerou que este "comportamento não-explosivo" não oferece condições para fazer antecipações sobre o contágio por tratar-se apenas "uma curva precoce de três dias".
Adiantou que a imunidade dos doentes que já recuperaram é uma questão sem certezas: "Tudo indica que há imunidade na maior parte dos casos, mas não sabemos a duração dessa imunidade. Nos futuros meses e anos vamos ter de testar muitas pessoas para perceber isso."
Por seu lado, a ministra Marta Temido alertou para a necessidade de "manter as casas bem arejadas". Referiu também que a maioria dos casos de infeção com covid-19, 80%, são "ligeiros" e por isso mesmo tratados em casa.
A doação de material para fazer testes e prevenir contágio foi ainda motivo de agradecimento de Graça Freitas e Marta Temido, isto num domingo em que é esperada a chegada de um avião a Lisboa vindo da China com material vário para a prevenção e tratamento do covid-19.
Entre este material estão as máscaras que as autoridades portuguesas consideram não criar uma segurança efetiva.
Entretanto, a Direção Geral de Saúde (DGS) emitiu este sábado orientações para os estabelecimentos de atendimento ao público sobre como devem limpar e desinfetar as superfícies de forma a diminuir a disseminação da infeção pelo novo coronavírus.
Segundo a Lusa, cada organização deve elaborar o seu plano de contingência para o covid-19, estabelecer um plano de limpeza e higienização das instalações, que deve estar afixado em local visível, devendo também existir um sistema de registo da limpeza com identificação das pessoas responsáveis e a frequência com que é realizada.
Nesta fase, nos estabelecimentos de atendimento ao público ou similares, a frequência de limpeza deve ser aumentada, não bastando cumprir os horários habituais de limpeza estipulados anteriormente, e os profissionais de limpeza devem conhecer bem os produtos a utilizar (detergentes e desinfetantes) e as precauções a ter com o seu manuseamento.
A autoridade de saúde lembra que o vírus permanece em superfícies durante um período temporal que pode ir de algumas horas a seis dias.