Máscaras. Alto Representante e funcionários da UE furam recomendação da OMS
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom tem vido a desaconselhar o uso generalizado de máscaras, embora já tenha admitido rever uma política que na Ásia é considerada não só indispensável, como obrigatória. Na sexta-feira, os dirigentes da Organização Mundial de Saúde admitiram que possa "ser considerado" o uso de máscaras caseiras. Mas enquanto tal não acontece, o Alto Representante da União Europeia para a Política Externa, Josep Borrell apresentou-se no mesmo dia de máscara de proteção na teleconferência com Ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia.
Esta não é na realidade a primeira vez que as câmaras focam o político espanhol, que daqui a 20 dias completará 73 anos, a usar uma máscara facial. Recentemente, há cerca de duas semanas, a 24 de março, Josep Borrell foi fotografado pelas agências internacionais, a caminhar em Bruxelas, com o rosto devidamente protegido por uma máscara, enquanto se dirigia para uma reunião de ministros de Negócios Estrangeiros da União Europeia.
Sabendo que a medida é desaconselhada pela OMS- por a máscara alegadamente, não conferir a proteção adequada -, O DN questionou entretanto, e aguarda resposta, dos dirigentes das instituições europeias a propósito das recomendações internas, que possam eventualmente ser dirigidas aos funcionários, além das recomendações de "distanciamento social".
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, apareceu de discretas luvas cirúrgicas, porém, sem máscara, da última vez que se deslocou ao Parlamento Europeu, numa sessão plenária com escassas presenças físicas de eurodeputados.
Em Portugal, o presidente Marcelo Rebelo de Sousa assumiu este sábado que segue à risca "a lição da China", protegendo-se com uma máscara e luvas sempre que vai às compras, um gesto que lhe "tem permitido ficar negativo", relativamente ao coronavírus.
A Direção-Geral de Saúde também tem vincado uma sua posição contra o uso generalizado de máscaras, tendo em conta a penúria destes equipamentos, nas cadeias de abastecimento na Europa, que tem sido aconselhados apenas para os profissionais de primeira linha. Ontem a DGS tenha elaborado uma lista a incluir outros agentes a quem é permitido uso de proteção facial.
Em Espanha, o governo recomendou na sexta-feira o uso generalizado da "mascarilla" a toda a população. Naquele que é um dos países mais afetados pela pandemia, o chefe do governo, Pedro Sánchez teve uma aparição pública, protegido com recurso a uma máscara e a luvas cirúrgicas.
Há menos de uma semana, o presidente francês, Emmanuel Macron protagonizou um momento caricato, durante a sua visita a um hospital militar de campanha de Mulhouse, dadas as suas dificuldades para ajeitar o novo adereço da indumentária presidencial.
Ao fundo, nas imagens, um dos elementos da sua "entourage" enfrenta ainda mais dificuldades para equilibrar no rosto uma das recém-chegadas máscaras anti-partículas, FFP2, com que o governo francês equipou os seus hospitais, para enfrentarem o novo coronavírus. Vê-se ainda um militar a tentar ajudar à colocação da máscara, num gesto que parece quebrar as recomendações de distanciamento.
A utilização generalizada de máscaras por toda a população já foi entretanto tornada obrigatória em alguns países europeus, como a República Checa. Na Áustria, o chanceler Sebastian Kurz reconheceu que a medida "não faz parte da cultura", mas admite que possa "fazer uma grande diferença" no combate à pandemia. Por essa razão, a complementar outras medidas, desde esta semana passada, é entregue gratuitamente uma máscara quem entra nos supermercados.
Na Alemanha, o governo mantém a posição de que um falso sentimento de segurança pode ser o resultado da utilização de uma proteção facial. Porém, a medida já se tornou obrigatória em algumas cidades alemãs.
Até aqui, os países europeus têm-se debatido para conseguir de materiais de proteção junto das cadeias de distribuição e fornecedores internacionais. Um dos exemplos das dificuldades encontradas é a Bélgica, onde as equipas médicas têm reiteradamente lamentando a falta de equipamentos de proteção.
Há três semanas o governo chegou mesmo a apresentar queixa na justiça, alegando ter sido burlado por um fornecedor que não entregou as máscaras encomendadas. Dias depois, recebeu um lote de 5 milhões de máscaras que não são, porém, adaptadas ao tratamento do covid19.