Se lho tivessem dito em 2002, quando subiu pela primeira vez ao pódio, ela "teria pensado que não era possível". No entanto, sonhou-o, anos mais tarde. E concretizou-o ontem. A norueguesa Marit Bjørgen tornou-se recordista de medalhas ganhas em Jogos Olímpicos de Inverno (superando o compatriota Ole Einar Bjørndalen): a 14.ª, de bronze, foi na prova de sprint por equipas, de cross-country (esqui de fundo)..A dama-de-ferro esteve em foco desde o arranque de PyeongChang 2018. Ao primeiro dia de finais (sábado, 10), conquistou a prata de 15 km skiathlon e tornou-se a mulher mais medalhada de sempre em Jogos de Inverno. Ao sexto, aumentou o pecúlio (bronze nos 10 km livres). Ao oitavo, recuperou o epíteto de Gold Marit (ouro na estafeta de 4,5 km) - igualando Bjørndalen. E, ontem, 12.º dia do evento, tornou--se a maior de sempre, num sprint por equipas onde só a quebra final da parceira Maiken Caspersen Falla a terá afastado de mais um título.."Trouxe medalhas de todas as corridas em que participei [nesta edição dos Jogos], por isso, só posso estar feliz. Já tinha sonhado com isto [o recorde], mas nunca se sabe [se os sonhos se concretizam]...", afirmou a norueguesa, de 37 anos, após garantir o 14.º pódio da carreira olímpica, começada em Salt Lake City 2002. "É difícil entender o que acabei de conseguir: acho que só quando parar de esquiar vou conseguir fazê-lo", notou a veterana esquiadora, que já anunciara que esta será a sua última presença nos Jogos..Marit Bjørgen - regressada à ribalta após uma pausa para ser mãe (Marius, primeiro filho da relação com Fred Børre Lundberg, antigo multimedalhado olímpico de combinado nórdico, nasceu em 2016) - é também recordista de medalhas em mundiais de esqui de fundo, 26. Em Jogos soma sete de ouro, quatro de prata e três de bronze (o ponto alto foi Vancouver 2010, onde ganhou três títulos e cinco medalhas)..Todavia, Bjørgen não quer ficar por aqui: ainda tem na mira mais uma medalha, a da prova de 30 km clássicos, que se realiza domingo. "O meu objetivo era lutar por um ouro individual [em PyeongChang] e esse continua a faltar-me. Tenho mais uma oportunidade de conquistá-lo, por isso, veremos...", disse ontem, apostada em despedir-se com uma marca ainda mais lendária..A esquiadora norueguesa é também a atleta com mais medalhas nesta edição dos Jogos Olímpicos de Inverno - empatada com Charlotte Kalla (uma de ouro e três de prata), vedeta sueca do cross-country. Todavia, ontem, ambas ficaram nos lugares mais baixos do pódio da prova de sprint por equipas (a Suécia com a prata). O título olímpico foi, pela primeira vez, para os EUA: Jessica Diggins, parceira de Kikkan Randall, superou Stina Nilsson e Maiken Caspersen Falla (colegas de Kalla e Bjørgen) nos metros finais, após a dama-de-ferro ter chegado à última transição em 1.º lugar..A Noruega compensou, alcançando mais dois títulos olímpicos, nas provas masculinas de sprint por equipas (Johannes Høsflot Klæbo igualou as três medalhas de ouro do biatleta francês Martin Fourcade nesta edição) e de perseguição (patinagem de velocidade). As equipas do Japão (perseguição feminina/ /patinagem de velocidade) e da Alemanha (bobsleigh feminino), o canadiano Brady Leman (ski cross /esqui estilo livre) e a italiana Sofia Goggia (downhill/esqui alpino) ganharam as outras finais do dia..Goggia converteu-se na primeira transalpina a vencer na descida, enquanto Lindsey Vonn, dos EUA, se ficou pelo bronze e admitiu que pode ter sido a sua despedida olímpica. Apesar da fama (é provavelmente a mais famosa atleta de desportos de inverno) não será um adeus triunfal como o de Bjørgen.