Marisa acredita na "surpresa" e vai pôr as fichas todas na "imensa semana" que aí vem
Marisa Matias recusa "a fatalidade e a tristeza" e quer mesmo causar "surpresa" nas presidenciais do próximo dia 24. Na noite desta sexta-feira, num comício em Aveiro, a candidata apoiada pelo BE procurou galvanizar as tropas fazendo um apelo à mobilização. "Falta uma imensa semana para a votação da primeira volta, está tudo em aberto", afirmou a eurodeputada já no final do seu discurso.
Sem referir uma única vez o nome de Marcelo Rebelo de Sousa e no dia em que foi conhecida mais uma sondagem que aponta para a vitória do candidato apoiado por PSD e CDS logo à primeira volta, Marisa afastou a tese de que esteja tudo decidido e atirou: "Eu nunca presumi nem vou presumir em momento nenhum aquela que é a vontade do povo português."
Na mesma toada, a candidata bloquista assegurou que o apelo à mobilização e à dita surpresa servirá "para mostrar que a esperança não morre em Belém".
No comício em que o fundador do BE Luís Fazenda a antecedeu, Marisa Matias introduziu na agenda de campanha a questão da Segurança Social. E deixou o alerta, também em jeito de crítica: "Um sistema de Segurança Social para pobres será sempre um pobre sistema de Segurança Social" e que a sua sustentabilidade é "determinada pela criação de emprego e não por nenhuma das outras narrativas que nos querem vender".
A esse propósito sublinhou que a Constituição obriga necessariamente à manutenção de um modelo de solidariedade não só social como geracional.
Na mesma lógica, e acerca do fator demográfico nos sistemas de pensões, destacou que se tem assistido a uma tentativa de "gerar artificialmente um pânico absolutamente estapafúrdio simplesmente em nome de uma agenda ideológica", recorrendo a estudos da OCDE que colocam o sistema português entre os mais robustos.
"Se for eleita Presidente da República combaterei sempre as campanhas de preconceito e de difamação que têm sido movidas contra prestações de combate à pobreza", prosseguiu Marisa, para quem estas são um direito com claro amparo na Lei Fundamental.
Apesar de Marisa ter evitado atacar Marcelo, Luís Fazenda socorreu-se das palavras do professor de que "não queria nenhum referendo sobre o Tratado Orçamental porque isso divide os portugueses" para lançar a farpa: "O Tratado Orçamental é aparentemente uma coisa que para Marcelo Rebelo de Sousa terá que passar incólume. É a bíblia da política de austeridade", asseverou o antigo deputado, que sustentou ainda que o ex-líder social-democrata representa "a continuidade" das políticas que Cavaco Silva validou.