Mário Soares. Cem anos de luta pela democracia que se confundem com a liberdade
"O centenário propriamente dito, de Mário Soares, começa no dia 7 de dezembro de 2024, porque é quando faz 100 anos do seu nascimento, e vai estender-se até ao final de 2025, encontrando-se com o centenário de Maria Barroso, a 2 de maio", revelou ao DN o coordenador da comissão que estará a cargo desta evocação, José Manuel dos Santos.
Mário Soares nasceu a 7 de dezembro de 1924 e morreu a 7 de janeiro de 2017. Entre estas duas datas há contestação, resistência, exílio, várias lutas, reação , família, amigos, governação, um partido e um país. Para lembrar a vida do fundador do PS, a comissão está a preparar um ano com exposições, cerimónias, memórias, e contou com amigos, dentro e fora do partido, para recordar esta vida que está ligada à luta pelo fim da ditadura e por tudo aquilo que a liberdade e a democracia acabariam por representar, como a autodeterminação das colónias, a países independentes. Ainda este ano, no início de dezembro, foi relançado o livro Portugal Amordaçado, agora com a chancela Imprensa Nacional. É "mesmo o mais importante livro que é a memória da história do combate contra a ditadura feito por um combatente", disse na altura ao DN João Soares, filho do autor.
"Mas esse ainda não foi o início da celebração do centenário", confirmou José Manuel dos Santos. Estamos a um ano da efeméride, mas "isso não impede que antes já comecem a aparecer coisas, nomeadamente o livro, que apareceria mesmo que não houvesse centenário. Há muita gente a querer fazer coisas já. Portanto, vamos também ter alguma coisa de ligação de Mário Soares aos 50 anos do 25 de Abril", revela, mas com parcimónia. "Embora nós possamos fazer coisas de colaboração com a comissão dos 50 anos [do 25 de Abril]", confirma, "não tinha sentido estar a sobrepor com muitas atividades programadas o centenário com o cinquentenário do 25 de Abril", até porque se trata de outra comissão, com atividades próprias e objetivos distintos, que se cruzam. mas isso não está em causa. Agora, propriamente, o centenário começará em dezembro de 2024, o ano oficial, digamos, e estende-se até 2025. Aí é que haverá aquilo que são os pratos fortes, que são as comemorações dos órgãos de soberania, exposições, publicações. A rematar esta evocação, num plano familiar e dentro do quadro da democracia, celebra-se em maio o centenário de Maria Barroso, a mulher de Mário Soares, com uma marca indelével no combate pela liberdade e fundação do PS.
Para já, sem programação definida, a vida do primeiro primeiro-ministro de um Governo Constitucional em Portugal é recordada para além das fronteiras da Fundação Mário Soares e Maria Barroso. No dia 22 de fevereiro de 2024 chega às salas de cinema o filme Soares é Fixe, do realizador Sérgio Graciano, que já tinha evocado Salgueiro Maia num outro filme. Esta adaptação cinematográfica da segunda volta da corrida às presidenciais em 1986, disputada entre Soares e Diogo Freitas do Amaral, recorda o slogan da campanha que levou o antigo Presidente da República a mais uma vitória em democracia.
Com todas as possibilidades de lembrar Mário Soares em cima da mesa, José Manuel dos Santos sublinha que a comissão "já está a pensar nas exposições", apesar de ainda não estarem fechadas com as instituições e com os locais onde vão acontecer. "Portanto, não podemos adiantar as datas", continua o curador da efeméride. "Já fizemos a ronda aos órgãos de soberania todos, tribunais, universidades, internacionais e nacionais, em que Mário Soares é doutor honoris causa, academias a que ele pertenceu, clubes, Sociedade Portuguesa de Autores, associações de estudantes, partidos da Internacional Socialista", conclui, sobre esta data redonda que se cruza com os 160 anos do Diário de Notícias.
vitor.cordeiro@dn.pt