Mário Soares em situação muito crítica e em coma profundo
Mário Soares continua em situação muito crítica, apesar de o seu estado de saúde estar "estabilizado em relação ao dia de ontem", informou esta sexta-feira o porta-voz do Hospital da Cruz Vermelha. A equipa clínica que acompanha o ex-presidente "mantém a situação como muito crítica e com prognóstico reservado".
Mário Soares continua em coma profundo e sem qualquer suporte técnico às funções vitais, acrescentou o porta-voz do Hospital da Cruz Vermelha, José Barata.
O próximo boletim clínico de Mário Soares será divulgado amanhã, sábado, 31 de dezembro, ao meio-dia.
Ontem, o estado de saúde de Mário Soares registou um "progressivo agravamento", com sinais de degradação das funções orgânicas, embora ainda não se tenha verificado "a falência de qualquer órgão vital", informou o hospital.
Internado desde o dia 13 de dezembro, o antigo Presidente fora transferido na passada quinta-feira dos Cuidados Intensivos para a "unidade de internamento em regime reservado" do Hospital da Cruz Vermelha, depois de sinais de melhoria do estado de saúde.
No entanto, no sábado, um agravamento súbito da situação clínica obrigou ao regresso do antigo chefe de Estado à Unidade dos Cuidados Intensivos.
Vida não será prolongada "com recurso às máquinas"
Eduardo Barroso, médico de profissão e sobrinho de Mário Soares, visitou a família esta sexta-feira no Hospital da Cruz Vermelha. Barroso, que tem sido presença constante durante o internamento do tio, falou aos jornalistas e acabou por referir que a vida de Mário Soares não será prolongada artificialmente, com recurso às máquinas, por decisão da família. "Aquela loucura de andar a prolongar a vida não vai ser feita", disse aos jornalistas.
Frisando que a decisão é tomada pelos médicos e pelas famílias, acrescentou que, no caso de Mário Soares, essa decisão já foi tomada. E acabou por revelar que António Guterres, designado secretário-geral da ONU, telefonou na quinta-feira a Isabel Soares, a filha de Mário Soares, para lhe perguntar se tudo estava a ser feito para salvar a vida do ex-presidente, nomeadamente se havia recurso a algum suporte artificial de vida. Isabel Soares terá respondido que nada será feito para além do que é clinicamente razoável.