Esquerda pede mais documentos, PSD promete relatório para a semana

Ex-ministra explicou eventuais incompatibilidades na subcomissão de Ética. Há mais do grupo Arrow que podem ter tido benefícios fiscais
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Maria Luís Albuquerque explicou-se esta quinta-feira à porta fechada na subcomissão parlamentar de Ética sobre eventuais incompatibilidades entre a função de deputada e o cargo de administradora não executiva empresa Arrow Global, gestora de dívida que tem na sua carteira vários bancos portugueses, incluindo o Banif.

À saída, os deputados da direita disseram-se satisfeitos com as explicações dadas pela ex-ministra das Finanças, enquanto as bancadas da esquerda pediram novos documentos sobre as relações de outras empresas do universo da Arrow e o Estado português.

António Carlos Monteiro, do CDS, considerou que "não houve nenhuma violação da lei" e ainda que, no seu entender, "não haverá nenhum conflito de interesses", apontando para a ilibação de qualquer incompatibilidade no exercício do cargo de deputada por Maria Luís Albuquerque. E recusou fazer "juízos morais" sobre a contratação da ex-ministra.

Paulo Rios, o deputado relator do PSD, disse-se "surpreendido" com o pedido de documentação que os deputados da esquerda anteciparam e prometeu ter o relatório pronto na próxima quarta-feira. "No âmbito da subcomissão não foi pedida mais documentação", insistiu. "O conjunto de elementos recolhido encontra-se concluído", afirmou.

À esquerda, Pedro Delgado Alves (PS) confirmou que iria ser pedido o levantamento das empresas do universo da Arrow que possam ter tido benefícios fiscais e que tenham escapado à malha do Governo, na primeira resposta enviada ao Parlamento, na última segunda-feira.

O Ministério das Finanças reconheceu, nessa altura, que "a informação ora prestada se circunscreve ao universo de empresa indicadas pela subcomissão; no que se refere às suas subsidiárias, não se pode confirmar a informação pretendida dado que não se conhece esse universo". Foi este universo que terá sido esclarecido por Maria Luís Albuquerque.

Jorge Machado (PCP) e José Manuel Pureza (BE) insistiram na dimensão ética e política do caso, notando que as duas bancadas entregaram projetos de alteração à lei das incompatibilidades. "Politicamente há uma situação de promiscuidade entre poder político e poder económico", atirou o comunista. Já o bloquista disse que "se a lei que temos não é suficiente para regular de forma satisfatória, que haja coragem de a alterar".

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