Marcha lenta de protesto na A24 por pagamentos que podem chegar aos 80 euros por mês
A Comissão de Utentes das autoestradas 24, 25 e 23 organizou marchas lentas em protesto contra a introdução de portagens nestas vias. Na A24, junto à Régua, entraram cerca de 30 veículos que, com os quatro piscas ligados, ao som de buzinas e a 50 quilómetros hora, para cumprir as regras de trânsito, seguiram em direcção a Vila Real. Entre os manifestantes e os muitos militares da GNR que acompanharam a marcha, estava o professor que afirmou aos jornalistas que "fica cada vez mais complicado fazer contas" e "principalmente pagar as contas no final do mês".
João Cordeiro olha para as portagens como mais uma taxa, que se junta aos tantos impostos que subiram e ao ordenado que é cada vez menor". "Parece que estamos condenados a protestar para poder trabalhar", sublinhou. O docente alertou para a falta de alternativas à A24, salientando ainda que, por exemplo, na Estrada Nacional 2 (EN2) existem troços, como na ponte sobre o rio Douro, onde não se cruzam dois veículos pesados. "Por vezes perdemos um tempo imenso à espera que um autocarro atravesse", referiu.
António Serafim, da organização, reconheceu que o número de automobilistas que aderiu ao protesto ficou aquém das expectativas e por isso preferiu falar em "ato simbólico" para mostrar o quanto a introdução de portagens vai prejudicar à população do distrito de Vila Real. "Desejávamos que estivesse aqui muito mais gente a participar. Ele foi amplamente divulgado. Não sei se o protesto vai mudar alguma coisa, o que sei é que se estivermos quietos não conseguimos nada", salientou. A A24 entrou em funcionamento em toda a sua extensão em junho de 2007, ligando, ao longo de 155 quilómetros, Viseu à fronteira em Chaves. Quatro anos depois, o Governo anunciou a introdução de portagens nesta SCUT (autoestrada sem custos para o utilizador).
O Governo já aprovou o decreto-lei que permite a cobrança de portagens nas SCUT do Algarve, da Beira Interior, do Interior Norte e da Beira Litoral/Beira Alta, que garante a criação de um regime de discriminação positiva. Ao longo da A24 foram instalados 13 pórticos, faltando anunciar o preço e a data de início de pagamento. Isto apesar de terem falhado as negociações entre o Governo e a concessionária. Os pórticos para pagamento eletrónico de portagens foram instalados na Zona Industrial de Chaves (quilómetro 8,4), Chaves-EN103 (12,1), EN103 -- Vidago (18,3), Vidago-Pedras Salgadas (18,3), Pedras Salgadas-IP3/IC5 (35,1), Vila Pouca de Aguiar-Fortunho (53,9). Ainda em Vila Real-IP4/A24 (69,2), Portela-Peso da Régua (81,3), Peso da Régua-Valdigem (91,1), Lamego-Bigorne (111,5), Bigorne-Castro Daire Norte (117,5), Castro Daire Leste-Carvalhal (131,9) e Arcas-EN2 (145,3).