Marcelo Rebelo de Sousa foi tudo numa noite: Presidente, professor e comentador. Na quinta-feira encheu-nos a sala de estar com uma análise florentina ao desempenho do governo de António Costa. Olhar o copo meio cheio ou copo meio vazio? É isso que separa os dois homens de poder, afirmou. Atento, vigilante, disse que não renuncia à arma que tem em mãos: a chamada bomba atómica, ou seja o poder de dissolver o Parlamento, ainda que não seja o seu desejo carregar no botão vermelho..Lembrou o nascimento de uma "maioria requentada, cansada", defendeu que na luta dos professores o "caminho é negociar" e admitiu que o relatório da IGF foi uma "confirmação" e uma "surpresa". Há efeitos políticos no caso TAP e isso deixou marca no governo, garantiu. O ministro das Finanças, Fernando Medina, e o caso TAP não escaparam ao exame do professor Marcelo. Não divulgou a nota final, mas antevê-se uma redonda negativa. Medina "tem de olhar para trás" para "ver se não há nada suscetível de causar problemas", avisou.."Vai haver, com certeza, uma concentração de foco sobre o ministro das Finanças, que é o mais importante do Governo neste momento. E ele como os outros ministros tem de olhar para trás e ver ponto por ponto ao longo das suas intervenções tudo o que foi o passado para ver se não há nada suscetível de causar problemas", opinou sobre Fernando Medina. Afinal, está na mão de cada um gerir os erros do presente ou evitá-los..A "desilusão" maior chegou na análise da resposta da Igreja portuguesa aos abusos sexuais. "A Igreja Católica faz falta ao país e se, de repente, sofre na sua credibilidade numa questão tão básica, isso repercute-se na vida dos portugueses", disse. "Quem falou em nome da Conferência Episcopal, a meu ver, foi uma enorme desilusão" e que "os padres suspeitos devem ser suspensos preventivamente". Como Presidente da República, a expectativa que havia era simples: "ser rápido, assumir a responsabilidade, tomar medidas preventivas e aceitar a reparação". Mas "foi tudo ao contrário"..As palavras de Marcelo representam também a desilusão dos portugueses para com a igreja. Com a gravidade da situação em mãos, e ainda para mais com a Jornada Mundial da Juventude à porta, o clero sabia que não tinha mesmo duas oportunidades para criar boa impresão. Transparência e clareza na informação, sem rodeios e sem bater com a mão no peito, mas falando a verdade bastaria. Os erros do passado ficam lá atrás, mas os do presente estão na mão de cada um que pode decidir como os gerir e, de preferência, evitar..DN no top 10 dos sites de informação.Uma nota de agradecimento a todos os leitores que elegem o Diário de Notícias como sua fonte de informação editorial. É justo também um obrigada a todos os que escrevem no site do jornal a todas as horas e a todos minutos, 365 dias por ano. O DN manteve-se em fevereiro no top 10 dos sites de informação com maior alcance no país, ocupando a nona posição no do Ranking netAudience da Marktest, a ferramenta referência de medição de reach (alcance) na Internet. Num mês em que registou uma quebra generalizada dos títulos de informação geral no mercado, o site do DN teve um alcance de 1,894 milhões de leitores no mês passado, a terceira melhor marca entre os jornais diários generalistas.