Marcelo estende a tomada de posse ao Porto. "Portugal não é só Lisboa"

Foi como orientador da tese de doutoramento do eurodeputado Diogo Feio que Marcelo Rebelo de Sousa teve o último ato académico antes de tomar posse. Foi no Porto, "cidade de trabalho" onde regressa sexta-feira já Presidente
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O Porto como um símbolo. A cinco dias de tomar posse como Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa participou na sua última prova na vida académica, como orientador da tese de doutoramento do eurodeputado Diogo Feio, aprovada com distinção na Faculdade de Direito do Porto. E no mesmo dia ficou a saber-se que as cerimónias da posse serão estendidas ao Porto, com uma visita à cidade nortenha na próxima sexta-feira. "Tem toda a lógica, Portugal não é só Lisboa", justificou Marcelo Rebelo de Sousa.

No último ato público antes de se tornar Presidente da República, Marcelo admitiu que sentirá falta do trabalho académico e destacou que se despeça do trabalho universitário na cidade portuense. "É aqui no Porto, o que é muito simbólico, que é uma cidade de trabalho, de amor à liberdade, mas também de muito trabalho académico."

À sua espera no salão nobre da Faculdade de Direito estava Diogo Feio, o dirigente do CDS-PP que defendeu a tese "Uma História Interminável. Entre a União Europeia e a União Económica e Monetária: O Governo, o Orçamento e os Impostos". O vice-presidente do CDS agradeceu a Marcelo por ter orientado a sua tese e definiu-o como "um verdadeiro embaixador da academia e um professor brilhante". Como tal, disse, "um professor assim nunca se despede mesmo que esteja por outras paragens".

A sala esteve cheia, com muitos alunos da faculdade e amigos e companheiros de partido do doutorado. Lobo Xavier, Nuno Melo, Paulo Núncio, Francisco Mendes da Silva, Teresa Caeiro e Raul Almeida foram alguns dos dirigentes do partido em que Diogo Feio se destacou que assistiram à defesa da tese.

A presença de Marcelo Rebelo de Sousa atraiu muitos dos jovens estudantes, mas a sessão não teve nenhuma intervenção pública do futuro Presidente da República. Marcelo apenas falou aos jornalistas e nunca sobre a atualidade política, o que reiterou ir manter até ser empossado na próxima quarta- -feira.

Nos próximos dias, o Presidente da República eleito vai estar mais recatado. "Trabalhar, trabalhar, trabalhar", repetiu. Há ainda pormenores a acertar como "completar a equipa" e "preparar outros discursos" para além do que irá proferir na quarta-feira e que diz já estar elaborado.

E nos dias seguintes à tomada de posse vai ter várias intervenções. Após o programa de quarta-feira, o dia seguinte é reservado ao corpo diplomático e a sexta-feira fica destinada para nova visita ao Porto, desta vez com carácter oficial de Chefe do Estado. O objetivo, disse ontem, é mostrar, de forma simbólica, que "Portugal é mais do que Lisboa".

Simbolicamente no Porto

"Tem toda a lógica porque Portugal é mais do que Lisboa e, portanto, o símbolo da vinda ao Porto é esse mesmo, é querer dizer que, depois da posse formal em Lisboa perante a Assembleia da República, há um prolongamento e esse prolongamento, não podendo ser em todo o país, é simbolicamente aqui no Porto", justificou.

Se o Porto é a novidade, tudo começa em Lisboa com a cerimónia formal, de manhã, e as já divulgadas, mas também novas atividades, como a visita à Mesquita Central de Lisboa à tarde e os espetáculos musicais à noite. Além de Mariza cantar o hino nacional na cerimónia, haverá concertos que contarão com a presença de músicos como Anselmo Ralph ou Pedro Abrunhosa.

Marcelo diz que não se trata de festejar. O objetivo é "mostrar que os jovens têm de estar ligados à realidade política e perceber a importância da eleição de um presidente da República e do início de um mandato".

Alega que é uma forma de alertar a juventude. "Tem-se dito tantas vezes que os jovens andam longe da política - o que muitas vezes é verdade - e uma maneira entre outras de fazer lembrar um dia que é importante para a vida política de um país é ter jovens à noite, neste caso é num concerto, podia ser noutra atividade cultural qualquer", afirmou.

Ouvir hip-hop no Bairro do Cerco

Já a visita ao Porto, começa com a receção na Câmara Municipal logo de manhã, mas será após o almoço que o presidente irá estar perto do povo. Irá visitar a exposição P. - Uma Homenagem a Paulo Cunha e Silva, por Extenso, na Biblioteca Municipal Almeida Garrett, numa manifestação de memória do antigo vereador da Cultura da Câmara Municipal do Porto, falecido no ano passado.

Segue depois para o bairro do Cerco, onde caminhará até ao Largo dos Afetos. Será aí que a música dos mais novos volta a ouvir-se com o projeto Oupa, que junta jovens do bairro a conhecidos músicos de hip-hop da cidade. A visita ao Porto terminará no Centro de Dia do bairro do Cerco, um dos núcleos habitacionais do Porto com maiores problemas sociais.

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