Marcelo não quer comentar declarações de Cavaco mas deixa recado sobre como "se fazer respeitar pelo povo"

Na Universidade de Verão do PSD, Cavaco Silva criticou a "verborreia frenética" da maioria dos políticos europeus
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O Presidente da Republica escusou-se esta quinta-feira a comentar afirmações do seu antecessor, Cavaco Silva, sobre a atuação dos chefes do Estado, alegando "respeito pela função presidencial". Mas acabou por deixar um recado, enquanto explicava porque não queria comentar: "se os sucessivos Presidentes da República não têm um respeito naquilo que dizem uns dos outros, em termos de forma e de conteúdo, acabam por não se fazer respeitar pelo povo", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, na Póvoa de Lanhoso.

Na quarta-feira, na Universidade de Verão do PSD, Cavaco Silva criticou a "verborreia frenética" da maioria dos políticos europeus, elogiando a exceção do Presidente francês, Emmanuel Macron, a quem dedicou uma parte da sua intervenção de 50 minutos a elogiar a estratégia comunicacional, dizendo ver semelhanças com a que adotou quando exerceu cargos de poder e que passa por recusar qualquer "promiscuidade com jornalistas".

Esta quinta-feira, quando confrontado com as declarações do seu antecessor no Palácio de Belém, Marcelo recusou comentar da seguinte forma: "Por uma questão de cortesia, bom senso, obviamente de educação, mas sobretudo por uma questão de respeito pela função presidencial, pelo prestígio da democracia [não comento as declarações de Cavaco Silva]. Porque se os sucessivos Presidentes da República não têm um respeito naquilo que dizem uns dos outros, em termos de forma e de conteúdo, acabam por não se fazer respeitar pelo povo".

"Eu não comento nem declarações nem decisões de antigos ou futuros presidentes. Isso aplica-se ao presente, aplica-se ao futuro. Tenho dito isso desde o início do mandato. Quem é eleito Presidente da República assume um certo dever de reserva e de contenção, em particular nas relações com os seus antecessores, os que já foram Presidentes e com os seus sucessores", acentuou.

No entanto, explicou o chefe de Estado, essa contenção "não significa não falar da vida política portuguesa" mas "ter muito cuidado no relacionamento com quem foi Presidente da República ou está a ser Presidente da República".

"É uma questão de equilíbrio e de consideração pela função presidencial, e pelo prestígio das instituições democráticas haver todo o cuidado naquilo que se diz", concluiu.

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