Marcelo enaltece "papel nacional" de Soares dos Santos e vai condecorá-lo
O Presidente da República anunciou hoje que vai condecorar o empresário Alexandre Soares dos Santos, presidente da Fundação Francisco Manuel dos Santos, que até 2013 esteve à frente do grupo Jerónimo Martins, em reconhecimento do seu "papel nacional".
Marcelo Rebelo de Sousa fez este anúncio durante a apresentação pública da Fundação Oceano Azul, ligada Fundação Francisco Manuel dos Santos, à qual o anterior executivo PSD/CDS-PP atribuiu em julho de 2015 a concessão do Oceanário de Lisboa por um período de 30 anos.
Alexandre Soares dos Santos não esteve presente nesta cerimónia, realizada no Convento do Beato, em Lisboa, mas o chefe de Estado fez questão de lhe prestar homenagem e de anunciar que decidiu "agraciá-lo com a Grã-Cruz da Ordem do Mérito Empresarial".
"É, mais uma vez, o reconhecimento do papel nacional de um grande empresário sensível a todos os grandes desafios da nossa pátria, mas também aos desafios universais, em que sublinharia a formação, e agora o papel dos oceanos. Em tempo adequado terei a honra e o prazer de proceder à entrega dessas insígnias, mas fica aqui feita a homenagem a Alexandre Soares dos Santos", acrescentou Marcelo Rebelo de Sousa.
A Ordem do Mérito Empresarial destina-se a distinguir "quem haja prestado, como empresário ou trabalhador, serviços relevantes no fomento ou na valorização de um setor económico".
No discurso que fez nesta cerimónia, o Presidente da República considerou que "Portugal continua a estabelecer com o mar uma relação mais de coexistência passiva do que de aproveitamento ativo", e elogiou a ação dos seus antecessores Cavaco Silva e de Mário Soares.
"O Presidente Cavaco Silva, que eu sei que esteve aqui hoje a mostrar que continua presente apoiando esta causa, deve ser referido a justo título, porque com ele o mar passou de um assunto lateral da política nacional para um tema com muito maior centralidade", declarou.
Em seguida, acrescentou: "Mas é justo que se diga também que, antes desse legado, também o Presidente Mário Soares, apoiado pelo professor Mário Ruivo - ambos, infelizmente, desaparecidos já este ano - trouxeram pela primeira vez em muitos anos o assunto do mar à agenda do país".
Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, contudo, "o comum dos portugueses não compreende, ainda não compreende" realmente "o valor da dimensão marítima" de Portugal.
"Só contando com a sua Zona Económica Exclusiva (ZEE), Portugal tem 18 vezes mais mar do que terra", salientou.
No seu entender, também "não acontece ainda hoje" da parte de Portugal o necessário "exemplo de responsabilidade e compromisso com os valores da conservação do oceano".
"Irei desenvolver os meus melhores esforços para que o país prossiga a sua trajetória de reencontro com o mar, e que o faça com o respeito máximo pela conservação da natureza e, logo, do oceano", prometeu, referindo que "foi com a intenção de dar este sinal" que visitou as ilhas Selvagens no ano passado.
À saída desta cerimónia, o chefe de Estado foi questionado sobre a polémica em torno da prospeção de petróleo ao largo do Algarve e do Alentejo.
Marcelo Rebelo de Sousa pediu "equilíbrio" e "bom senso" na exploração dos recursos do mar, "sem afetar a sustentabilidade", e disse que ouvirá o que têm a dizer as associações ambientalistas.
Na sua intervenção, o Presidente da República saudou o contributo da sociedade Francisco Manuel dos Santos, através da Fundação Oceano Azul, e manifestou a expectativa de que venha "a influenciar outros grupos económicos, outras entidades ".
"Eu subscrevo a ambição desta fundação, apoiando totalmente o projeto da criação de uma geração azul", afirmou.