Mais uma goleada na era Keizer, mas desta vez sem nota artística

Quatro jogos, quatro vitórias para o Sporting de Marcel Keizer. Este domingo, o Aves ainda deu um susto aos leões, marcando primeiro, mas a reviravolta chegou até à goleada (4-1)
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São quatro jogos, quatro vitórias, 17 golos marcados e quatro sofridos. Os números de Marcel Keizer à frente do Sporting continuam a ser impressionantes após a estreia do treinador holandês em Alvalade, este domingo.

Mas ao contrário do que acontecera nas vitórias folgadas anteriores, esta goleada frente ao Aves, por 4-1, terá deixado um travo agridoce no paladar dos adeptos leoninos, pois ficaram mais evidentes fragilidades que ainda não se tinham visto a este leão "holandês".

Desta vez, o Sporting não ganhou com a nota artística que tinha merecido, por exemplo, no jogo de Vila do Conde frente ao Rio Ave. Este domingo, o leão de Keizer impôs-se sobretudo pela eficácia, reforçando, isso sim, essa faceta goleadora que tem demonstrado. Em cinco remates enquadrados com a baliza, fez quatro golos, num jogo em que a estatística mostrou até um Aves mais rematador.

O jogo começou, de resto, sob o signo do Aves, que fez instalar a preocupação em Alvalade durante praticamente 45 minutos. Aliás, impressionou de tal forma, a equipa de José Mota, que no final Bas Dost disse até pensar que estava a jogar contra o Barcelona, na flash-interview da SportTV.

O exagero é evidente, mas o elogio é mais do que justo. Desde logo, porque o Aves entrou a mostrar ter estudado muito bem os jogos anteriores desde Sporting de Keizer. A equipa nortenha pressionou ativamente o início da fase de construção dos leões, com marcação muito próxima aos habituais portadores da bola. Wendel, Bruno Fernandes e Gudelj eram asfixiados pela oposição avense, deixando a construção leonina muitas vezes entregue a Coates.

Aves não se limitou a destruir

Reflexo disso, muitos passes falhados na zona intermediária do Sporting, longe de conseguir replicar nesta estreia de Keizer em Alvalade o futebol alegre e rápido que tinha demonstrado nas três partidas anteriores.

E o Aves não se limitava a destruir. A equipa de José Mota entrou cheia de personalidade, aproveitando cada recuperação de bola para lançar rápidos contra-ataques que apanhassem a equipa leonina descompensada nas linhas recuadas, sobretudo nas laterais, expondo essa fragilidade no tal equilíbrio que o treinador do Sporting diz pretender manter na sua equipa.

Num lance de bola parada, aos 17 minutos, Rodrigo Defendi deu vantagem aos forasteiros, ganhando de cabeça entre Bas Dost e Coates. E logo de seguida Amilton poderia ter feito o segundo, depois de ter saído disparado em contra-ataque, percorrendo em corrida desenfreada todo o meio-campo do Sporting, até ir dar de frente com Renan.

Nessa altura, o jogo parecia desenhado à medida do Aves, capaz de conter a produção ofensiva dos leões e de expor o muito espaço deixado livre nas costas da defensiva leonina, deixando os adeptos do Sporting a temer novo pesadelo frente à equipa de José Mota, como na final do Jamor em maio passado, em que o Aves conquistou a Taça de Portugal e piorou o caótico de fim de época leonino.

Mas a sorte começou a mudar a favor do Sporting pouco antes do intervalo, quando o lateral do Aves Vítor Costa cometeu um penálti sem nexo sobre Diaby, que o árbitro assinalou com recurso ao vídeo-árbitro. Bas Dost, em noite de homenagem pelos 100 jogos oficiais que atingiu de leão ao peito, fez aquilo a que mais está habituado e não desperdiçou.

E se o empate já parecia um bom resultado para os leões levarem para o intervalo, um remate de Nani desde fora da área contou com o desvio num defesa contrário e completou a reviravolta ainda na primeira parte. Sem muitos méritos nisso, o Sporting conseguia dar a volta à ameaça do Aves, que perdeu o técnico José Mota após o golo do empate, expulso por protestos.

Melhor marcador e melhor assistente

No regresso dos balneários, o Sporting haveria de mostrar melhor cara e mais futebol, mas começou por ser a eficácia a fazer a diferença e a sentenciar a partida. Ainda nem três minutos tinham passado desde o reatamento e já Bas Dost fazia o 3-1, em mais um lance típico do goleador holandês, a antecipar-se de cabeça a um defensor contrário, no coração da área, para dar a melhor sequência a um cruzamento de Bruno Fernandes, desde a esquerda.

Com o Aves obrigado a alterar os planos de jogo, o Sporting ganhou espaços e tranquilizou o futebol, recuperando um pouco os princípios de pressão e passe demonstrados nos jogos anteriores da era Keizer. E mesmo em inferioridade numérica, depois de Acuña ter visto o segundo amarelo por derrubar Ruben Oliveira, que se isolava, o Sporting ainda chegou à goleada, num lance que teve uma bela (mais uma) assistência de Bruno Fernandes, a rasgar de trivela a defesa contrária para lançar Diaby num contra-ataque que acabou com o remate cruzado do avançado - a estreia do franco-maliano a marcar no campeonato.

Mesmo sem deslumbrar, desta vez, o Sporting conseguiu chegar à melhor série da época, com cinco vitórias consecutivas, recuperou o segundo lugar (a dois pontos do FC Porto), viu Bas Dost chegar à liderança dos marcadores (8) e Bruno Fernandes igualar Pizzi no top das assistências (5). Tudo isto a um média de 4,25 golos marcados por jogo na era Marcel Keizer, que vai compensando sobremaneira o golo sofrido em todas as partidas.

Figura

Bas Dost.

Em noite de homenagem, pelos 100 jogos oficiais pelo Sporting, o goleador holandês desbloqueou o caminho para a vitória. Se o primeiro golo, de penálti, teve pouco grau de dificuldade, o segundo, a abrir a segunda metade, é um típico movimento que define a qualidade do goleador holandês, antecipando-se de cabeça a um defensor contrário para dar o melhor seguimento a um centro de Bruno Fernandes. Foi o golo (3-1) que permitiu aos leões tranquilizarem-se logo no início da segunda metade, depois de 45 minutos iniciais bem complicados.

Ficha de jogo

Jogo realizado no Estádio José Alvalade, em Lisboa.

Sporting - Desportivo das Aves, 4-1.

Ao intervalo: 2-1.

Marcadores:

0-1, Rodrigo Defendi, 17 minutos.

1-1, Bas Dost, 40 (grande penalidade).

2-1, Nani, 45+1.

3-1, Bas Dost, 48.

4-1, Diaby, 59.

Equipas:

- Sporting: Renan Ribeiro, Bruno Gaspar, Coates, Mathieu, Marcos Acuña, Gudelj, Nani, Wendel (Jefferson, 58), Bruno Fernandes, Diaby (Bruno César, 72) e Bas Dost.

(Suplentes: Salin, Jefferson, André Pinto, Montero, Bruno César, Pretovic e Jovane).

Treinador: Marcel Keizer.

- Desportivo das Aves: André Ferreira, Rodrigo Soares, Carlos Ponck, Rodrigo Defendi, Vítor Costa, Rúben Oliveira (Rodrigues, 64), El Adoua (Fariña, 79), Vítor Gomes, Elhouni (Derlei, 58), Nildo Petrolina e Amilton.

(Suplentes: Beunardeau, Fariña, Nelson Lenho, Falcão, Derley, Jorge Fellipe e Rodrigues).

Treinador: José Mota.

Árbitro: Vítor Ferreira (AF Braga).

Ação disciplinar: cartão amarelo para Marcos Acuña (30 e 55), Vítor Gomes (30), Rodrigo Soares (31), Vítor Costa (34), Derley (62) e Carlos Ponck (76). Cartão vermelho por acumulação de amarelos para Marcos Acuña (55).

Assistência: 35.124 espetadores.

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