Maratonista aquática substitui Moro na Lava-Jato

Gabriela Hardt, 43 anos, vai interrogar Lula da Silva já no dia 14. Com fama de mais rígida do que o antecessor, é filha de engenheiro da Petrobras, a empresa na base da operação
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Se a Lava-Jato é uma operação de fôlego, então Gabriela Hardt, a juíza de 43 anos que vai substituir Sergio Moro no comando da maior ação mundial anticorrupção, é a pessoa indicada para a assumir. Maratonista aquática, repleta de ouros, pratas e bronzes conquistados por mares e rios do Brasil, a magistrada tem fama de ser ainda mais rígida do que antecessor. No dia 14, se mantiver o cronograma estabelecido por ele, vai já interrogar Lula da Silva no processo conhecido como "Sítio de Atibaia".

Nascida em Curitiba, a base da Lava Jato, Hardt foi registada em São Mateus do Sul, a pequena cidade onde cresceu, por ser sede de uma agência da Petrobras, a gigante petrolífera estatal que é objeto da operação, onde o pai trabalhava. Jorge Hardt, engenheiro químico, chegou a desabafar na rede social Facebookque "a quadrilha do Lula instalada na Petrobras não roubou só bilhões [milhares de milhões], roubou o futuro da empresa".

Gabriela Hardt seguiu a carreira do pai - engenharia - antes de optar pela atual ocupação - magistratura. "Entrei na carreira de juíza federal um pouco mais tarde do que o habitual, com 34 anos e com família formada, com filhas, e um marido com profissão consolidada".

Na Lava-Jato, onde vem trabalhando com Moro na qualidade de sua substituta na 13ª vara da justiça federal de Curitiba, destacou-se por mandar prender José Dirceu, em maio deste ano, quando o titular viajou para Nova Iorque - numa ocasião em que confraternizou com João Doria, agora eleito governador de São Paulo, pelo PSDB, e apoiante declarado de Bolsonaro.

Já em 2015 havia substituído Moro - a quem elogiou em público "a retidão e a dedicação" - e pedido a quebra de sigilo bancário do mesmo Dirceu, que foi braço-direito político de Lula durante o primeiro governo do antigo presidente.

Antes de chegar a Curitiba, trabalhou em pequenas cidades do estado natal, Paraná, como Paranaguá, onde mandou incinerar 3,8 toneladas de cocaína numa operação contra o tráfico de drogas, e Umuarama, onde determinou a prisão de um ex-deputado por desvio de dinheiro.

Enquanto a justiça federal não decide se é ela quem, em definitivo, substitui Moro - outros juízes federais podem concorrer ao cargo - dia 14 terá o primeiro momento mediático ao enfrentar o mais famoso preso do Brasil, Lula da Silva, no caso do Sítio de Atibaia, em que o antigo presidente é acusado de receber subornos das construtoras OAS e Odebrecht em forma de obras no local.

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