Mar, cinema e turismo: as muitas promessas para uma nova Figueira

Santana Lopes diz ser urgente "tirar a Figueira do marasmo". Socialistas defendem os "12 anos de trabalho realizado". PSD lança um aviso: o futuro "está em causa".
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"É do mundo do delírio dizer que se vai apostar no turismo quando esteve 15 anos no Turismo do Centro. Parece que [Pedro Machado] descobriu agora que a Figueira existe. Se você for ver as dezenas de vídeos que fizeram e se encontrar um minuto sobre a Figueira, já é muito. Sabe o que fez? Transferiu a capital do turismo para Coimbra e depois para Aveiro, e agora vem falar da Figueira da Foz. Estou daqui a ver a praia e as passadeiras e são as que eu fiz! Está tudo na mesma. Falta dinamismo. Se for eleito, vou tratar do transporte apoiado para os mais velhos terem acesso às praias, poderem chegar à beira-mar. E o que está abandonado? Dou-lhe estes exemplos: o Mosteiro de Santa Maria de Seiça, a piscina de mar, que foi reconstruída e inaugurada em 2001, o Paço de Maiorca, que está num estado lamentável, uma degradação."

Santana Lopes diz que é "urgente tirar a Figueira do marasmo, acabar com esta resignação. E já que estão o tempo todo a falar do passado, eu digo-lhe: nessa altura foram feitas obras, infraestruturas que permitiam continuar a desenvolver a Figueira, como a requalificação das praias, os transportes públicos, o saneamento, as piscinas, a compra de património valioso, a zona industrial, habitação social. E depois? Nada ou quase nada!"

"Quero a Figueira falada pela força da sua economia, pela qualidade de vida dos figueirenses, aumentar o rendimento per capita, fazer com que os jovens deixem de ir para fora, ter a dívida controlada. A Figueira tem todas as condições para ser capital do mar, a "economia azul" de que falo: investir nas áreas de investigação, nas ciências do mar, ter aqui um centro de excelência de altas tecnologias avançadas. Há interessados, há vários empresários interessados em investir se eu ganhar", assegura o candidato.

Santana, no programa que apresenta, diz que a Figueira da Foz "será o centro do cinema no círculo europeu e uma referência mundial", defende a necessidade de "travar a erosão da costa", de ter "um porto a funcionar", quer "trazer as universidades de volta", garantir "centros de saúde/postos médicos em todo o concelho", criar um "centro de alto rendimento para modalidades olímpicas e paralímpicas", criar uma "rede de ciclovias por todo o concelho" e ter "mais patrulhas policiais e rondas frequentes nas zonas mais críticas", entre outras medidas.

Carlos Monteiro, candidato do PS, defende "os 12 anos de trabalho realizado" com "uma dívida a ter de ser paga". "Fizemos obras estruturantes, quase todas as escolas foram intervencionadas, há escolas novas, um novo quartel dos bombeiros... A vida dos figueirenses melhorou. Há trabalho realizado nos centros de saúde, investimentos nos equipamentos desportivos, em espaços públicos, foi criada a tarifa social de água, reabilitámos estradas, foram feitos investimentos no turismo. Há dezenas e dezenas de provas dadas."

"Marasmo? [Santana] Chega aqui e fala de marasmo? Basta que olhem para as estatísticas, somos o concelho mais industrializado no distrito, foi feito um trabalho ímpar, e até estamos a recuperar a perda de população. Estamos a inverter essa situação desde 2020", garante.

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Carlos Monteiro diz "estarem bem definidas as prioridades estratégicas para os próximos anos, com cinco eixos de ação. Temos que continuar a alavancar a economia local, as empresas, as famílias, porque a pandemia teve impacto em todo o lado. É preciso atrair investimentos. Temos todas as condições, por exemplo, para que a Figueira seja a capital da "economia azul"".

Aumentar as "condições de segurança e operacionalidade do porto de pesca e do porto comercial", captar e fixar "talentos figueirenses ao nível científico, tecnológico, artístico e desportivo", "colocação regular de areias a sul do molhe sul, implementando a forma mais eficiente de transferir esses inertes de norte para sul, como forma de minimização da erosão costeira e melhoria da segurança das populações" e o "reforço da marca de desportos de praia (futebol, râguebi e voleibol) e de deslize na água (remo, vela, canoagem, surf, bodyboard, windsurf, kytesurf, etc.), investindo nos equipamentos de apoio a estas atividades desportivas e assumindo a Figueira enquanto Capital dos Desportos de Praia" são algumas das medidas elencadas.

Já o candidato do PSD afirma que está em "causa o futuro da Figueira, que perdeu competitividade na economia, empregos, qualidade de vida, perdemos habitantes, uma perda acentuada que nos coloca nos 10 concelhos que no país mais perderam população". Carlos Monteiro deveria fazer "um ato de contrição"pela "incapacidade de inverter a situação, que começou no século XX com uma dívida elevada".

Pedro Machado, que diz ter a "capacidade de ambição para um tempo novo", apresenta para a Figueira da Foz um programa, coordenado por Poiares Maduro, assente em "10 eixos estratégicos e oito medidas emblemáticas" consideradas prioritárias.

"Ser a sede portuguesa do Bauhaus of The Seas, um projeto europeu de investigação", "elaborar o plano estratégico e a adoção de incentivos fiscais e financeiros para atração de investimento no cinema e literatura, nomeadamente através da rodagem de filmes e séries na Figueira", "criar um plano de recuperação para o comércio e para a hotelaria no valor de dois milhões de euros, "criar um sistema de transportes públicos gratuito para os residentes", "recuperar o Hospital Distrital, dotando-o de melhores condições para ter novas valências, e reabrir a maternidade" são algumas das prioridades.

O candidato da CDU lamenta os 45 anos de PS/PSD, que "colocaram em causa a qualidade de vida dos figueirenses. É sempre mais do mesmo, mas para pior. O concelho foi perdendo serviços de proximidade: tribunais, escolas, finanças. Temos graves problemas nos transportes, na saúde, e precisamos de inverter a organização administrativa, a extinção das freguesias. Mas olhe que agora que estamos em vésperas de eleições há eventos e obras por todo o lado. É pena que só haja eleições de quatro em quatro anos, se fosse todos os anos havia de ver o que isto melhorava".

Bernardo Reis defende, entre outras medidas, a "criação de transportes coletivos com percursos e horários ajustados às necessidades da população", "um maior investimento na melhoria e duplicação das ligações ferroviárias entre a Figueira da Foz e Coimbra, a requalificação da Linha do Oeste e a reposição da Linha da Beira Alta" e combater uma política de habitação "de preços exorbitantes e com especulação imobiliária latente".

Já Miguel Mattos Chaves, que "está farto de ver a Figueira definhar", quer devolver aos figueirenses cinco milhões de euros de impostos, com a redução de 0,4% para a taxa mínima, de 0,3 % da taxa do IMI, em 2022, e a devolução de 2,5% do IRS, "prevê conquistar 11 mil novos habitantes e sete a 10 mil novos empregos em oito anos", com a atração de novos investimentos.

O candidato do CDS diz que a Figueira da Foz precisa de "voltar a ter maternidade", de "criar uma unidade de cuidados paliativos", da "expansão do porto de pesca para atrair iates transatlânticos" e de criar "duas novas zonas industriais", entre outras medidas anunciadas.

Por sua vez, Rui Curado Silva (BE) alerta para a necessidade de "reter população e conseguir evitar que as pessoas qualificadas saiam da Figueira". "É o concelho mais industrializado no distrito, mas numa lógica de baixos salários. Há um modelo perverso de subcontratações a funcionar. São necessárias outras indústrias, do conhecimento, laboratoriais... não apenas as celuloses. É preciso criar infraestruturas, fazer com que seja atrativo investir", refere.

O candidato bloquista avisa também para "um problema de erosão costeira que coloca em risco as populações e bens". Leirosa, Costa de Lavos e Cova Gala são das "zonas mais afetadas".

Outra das preocupações é a "desvalorização" do comércio tradicional. "Em vez de apostarmos em obras de utilidade muito duvidosa, devíamos usar esses meios e esses recursos para intervenções em áreas de comércio tradicional."

artur.cassiano@dn.pt

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