Máquinas só são desligadas em casos de morte cerebral
"Só é possível desligar os aparelhos quando houver critérios de morte cerebral, enquanto isso não acontecer os aparelhos não podem ser desligados", afirmou à agência Lusa o especialista do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra.
Instado a comentar a situação clínica do histórico líder sul-africano, Francisco Sales lembrou que "há várias degradações nos estados de coma" e que um estado vegetativo é "uma forma avançada e grave de coma, que muitas vezes antecede o estado de morte cerebral".
Contudo, o neurologista português sustentou que uma pessoa em estado vegetativo "ainda não pode ser considerada morta", já que "em alguns doentes é possível manter esse estado durante alguns meses ou mesmos anos".
"É o que chamamos estado vegetativo persistente", precisou Francisco Sales, acrescentando, contudo, que essa situação "não é muito frequente - é uma exceção".
Os médicos que tratam Nelson Mandela consideram que o histórico líder sul-africano está num "estado vegetativo permanente" e aconselharam a família a autorizar que os aparelhos que o mantêm vivo sejam desligados.
A informação foi avançada hoje pela agência noticiosa francesa AFP, que cita documentos judiciais datados de 26 de junho e segundo os quais Mandela está "num estado vegetativo permanente e depende de um aparelho de suporte de vida para respirar".
"O estado de saúde de Nelson Mandela piorou e os médicos aconselharam a família a desligar a máquina que o mantém artificialmente vivo", relata o documento, que foi apresentado pela família Mandela no tribunal de Mthatha (terra natal do líder histórico sul-africano).
"Em lugar de prolongar o seu sofrimento, a família Mandela está a contemplar essa opção como uma hipótese muito real", acrescenta o mesmo documento.
As referências ao estado de saúde de Nelson Mandela constam de documentos entregues em tribunal no quadro da disputa legal familiar sobre a sepultura de três dos filhos do ex-chefe de Estado.