Malcolm Young, o herói discreto do rock

O guitarrista dos AC/DC morreu ontem em casa, acompanhado da família, devido a complicações de saúde. Tinha-se retirado em 2014 da banda que fundou há quatro décadas
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Foi o irmão e também guitarrista dos AC/DC, Angus, quem anunciou, no Facebook da banda, a morte de Malcolm Young. "Como irmão dele é-me difícil expressar por palavras aquilo que ele significou para mim durante a minha vida. A ligação que tínhamos era única e especial", pode ler-se na sentida missiva, na qual Angus recorda ainda "um perfeccionista e um homem único", com "muito orgulho em tudo aquilo que conseguiu". E não foi pouco, basta recordar os riffs de guitarra por si criados para canções como Highway to Hell, Back in Black ou You Shook Me All Night Long, para perceber a importância de Malcolm no sucesso dos AC/DC - e na própria história do rock. "Ele deixa para trás um legado enorme, que vai viver para sempre. Missão cumprida, Malcolm", conclui o irmão.

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Nascido há 64 anos na cidade de Glasgow, na Escócia, foi o terceiro de cinco filhos de William e Margaret Young, que em 1963 emigraram para a Austrália, estabelecendo-se em Sidney, onde, uma década depois, Malcolm e o mano mais novo, Angus, acabariam por formar os AC/DC. Ao longo de 41 anos, entre 1973 e 2014, Malcolm participou em todos os discos e digressões dos AC/DC (a única exceção foi a Blow Up Your Video World Tour, de 1988, durante a qual se afastou da banda para se curar da adição ao álcool), marcando não só uma época do rock, como influenciando toda uma nova geração de guitarristas, como é o caso Dave Mustaine, dos Megadeth, que classificou Malcolm como "um dos melhores guitarristas-ritmo do mundo", a par dele próprio e de James Hetfield, dos Metallica.

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Malcolm Young havia anunciado a saída da banda em 2014, dando como justificação os "graves problemas de saúde" que já então o apoquentavam. Saber-se-ia pouco tempo depois que o músico sofria de demência há já vários anos, tendo-lhe também sido diagnosticado um cancro nos pulmões, entretanto tratado, e um problema cardíaco que o obrigava a usar um pacemaker, não se sabendo no entanto ainda a causa exata do óbito. Em 2016, quando a banda tocou em Lisboa, com o americano Axl Rose como vocalista, já o guitarrista não fazia parte do grupo, tendo entrado para o seu lugar o sobrinho Stevie Young, filho de Stephen Young, irmão mais velho de Malcolm.

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A morte de Malcolm Young aconteceu apenas poucas semanas depois da morte de outro dos irmãos Young, o também guitarrista e produtor George, considerado por muitos o verdadeiro mentor do grupo, que faleceu com 70 anos no passado dia 23 de outubro. Neste "momento de dor", a banda pediu aos fãs "respeito pela privacidade da família", informando ainda que as mensagens de condolências poderão ser enviadas para um site próprio, criado para o efeito, que entrará em funcionamento no início da semana. Na página oficial dos AC/DC foi ainda pedido aos fãs que, em vez de comprarem flores, façam doações ao Exército de Salvação. Quase imediata foi também a reação nas redes sociais, por parte de outras personalidades do rock, como foi o caso de Paul Stanley, guitarrista dos não menos lendários Kiss, que se referiu a Malcolm como "o motor dos AC/DC" e "um ícone por vezes injustamente desconhecido". Já David Coverdale, vocalista de bandas como Deep Purple ou Whitesnake, recorda "uma pessoa excelente", com quem gostou de conviver.

Malcolm Young morreu ontem, em casa, rodeado da família, mas a sua música, essa, permanecerá eterna, como sempre sonhou, quando, ainda miúdo, começou a tocar guitarra.

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