"Mais vale feito que perfeito"

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Começou o inverno ontem e com ele chegou também um anúncio do governo: mais restrições para tentar conter a pandemia. Apesar do número de mortes e de doentes em cuidados intensivos ser muito inferior ao de há um ano, o Executivo não quer repetir o trauma do Natal passado e semanas seguintes.

A contenção é antecipada em uma semana e bares e discotecas pagam a factura, uma vez mais. À beira das festas e com milhares de euros investidos stocks- comidas, bebidas, decorações de natalícias e de reveillon - os empresários destas áreas ficam a arder com as contas por pagar. Uma vez mais, o governo avisou demasiado tarde, reclamam.

Há muito que se ouvem os alertas relativos à rápida proliferação da variante Ómicron.Mesmo que não se venha a revelar -semuito grave, pode, só pelo volume potencial de novos casos, gerar uma forte pressão sobre o Sistema Nacional de Saúde e isso não é novidade nem notícia última hora.Vivemos tempos de incerteza e disso ninguém tem dúvidas, mas o planeamento é, muitas vezes, o segredo para a sobrevivência das empresas.

A DGS admite que uma semana de contenção "pode não ser suficiente" devido à "incerteza" dessa variante, disse a directota-geral de Saúde. Assim, Graça Freitas apelou aos portugueses que evitem contactos nas próximas semanas devido ao agravamento da pandemia. A poucos dias do Natal e do Ano Novo, a situação pandémica é "de altíssima incerteza", reafirmou esta semana.

Face à imprevisibilidade, volta a estar em cima da mesa a necessidade de um reforço de vacinação. Se, por um lado, cada reforço destrói uma parte da confiança que os portugueses depositaram na vacinação, por outro lado, impõe-se a pergunta: sem vacina o que nos resta? O país e o mundo precisam de conter o impacto deste vírus, é uma questão de saúde pública e, em última análise, de sobrevivência.

Em breve poderemos assistir ao anúncio do reforço da inoculação para a faixa dos 40 anos, admitem, à boca pequena, já alguns especialistas. Uma forma de proteger os pais jovens que têm crianças pequenas e estão a ser alvo do SARS-CoV2 e que são também uma importante fatia de população activa.

Podemos recusar a vacinação ou o seu reforço? Podemos. Em Portugal, ao contrário do que acontece noutros países, a vacinação não é obrigatória. Mas o que nos resta hoje? Factos: a Covid-19 provocou mais de 5,35 milhões de mortes em todo o mundo desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse. Em Portugal, desde março de 2020, morreram 18.796 pessoas e foram contabilizados 1.227.854 casos de infeção, segundo dados da Direção-Geral da Saúde.

Citando o já falecido João Vasconcelos, um dos "pais" do ecossistema do empreendedorismo em Portugal, há alturas das organizações e da vida em que "mais vale feito que perfeito". Façamos a nossa parte para que o Natal não se transforme num novo inferno.

Diretora do Diário de Notícias

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