Mais uma candidatura à esquerda de Macron

Christiane Taubira anuncia interesse em concorrer ao Eliseu. Anne Hidalgo sugere debate das esquerdas na TV seguido de eleições primárias.
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A antiga ministra da Justiça Christiane Taubira anunciou numa mensagem de vídeo publicada nas redes sociais que está "a considerar" concorrer à presidência, num campo que está sobrelotado. Além de Taubira há sete candidatos declarados à esquerda e à extrema-esquerda. "Estou um pouco cansado destas candidaturas potencialmente em cima umas das outras", desabafou o ecologista Yannick Jadot.

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"Há candidaturas de pessoas de grande valor pelas quais tenho estima e amizade. Mas observo um impasse. Sempre disse que assumirei as minhas responsabilidades. Por isso considero ser candidata às eleições presidenciais. Não serei mais uma candidata. Vou colocar todas as minhas forças nas últimas oportunidades de união", declarou Taubira, de 69 anos, reconhecida pelos franceses pela aprovação da lei que reconhece o tráfico de escravos e a escravatura como um crime contra a humanidade (em 2001) e da lei do casamento de pessoas do mesmo sexo (2013).

DestaquedestaqueTaubira candidatou-se à presidência em 2002. Teve 2,3% e foi responsabilizada pelo insucesso de Lionel Jospin.

Deputada entre 1993 e 2012 pelo círculo da Guiana Francesa, de onde é natural, deputada ao Parlamento Europeu entre 1994 e 1999, Christiane Taubira já ensaiou uma candidatura em 2002 ao Eliseu. Teve então 2,3% dos votos e muitos à esquerda responsabilizam-na por ter dividido a esquerda o suficiente para o socialista Lionel Jospin ter sido relegado para terceiro, tendo o candidato da extrema-direita Jean-Marie Le Pen chegado à segunda volta com Jacques Chirac. Nessas eleições apresentaram-se 16 candidatos - e outros cinco à esquerda de Taubira.

Neste momento, e sem contar com a ex-ministra da Justiça nos governos de Ayrault e Valls, perfilam-se 13 candidaturas, sete das quais do centro-esquerda à extrema-esquerda. Candidata do campo político oposto, Marine Le Pen não resistiu a umas farpas sobre o tema. "A esquerda está em perdição total, já não sabem como sair desta espiral onde estão totalmente ausentes da oferta política credível", começou por dizer a líder da União Nacional.

"Tentar resolver o problema acrescentando um candidato adicional num campo já muito fraturado parece-me uma ideia bizarra. Também, agendar um encontro em meados de janeiro, quando estamos no meio da campanha, parece-me ainda mais estranho." Le Pen referia-se ao final da mensagem de Taubira, na qual esta se despediu "até meados de janeiro".

Até 15 de janeiro estão abertas as candidaturas às primárias populares, mas até agora só a autarca de Paris Anne Hidalgo e o ex-ministro Arnaud Montebourg mostraram interesse. Os candidatos da extrema-esquerda Natalie Arthaud e Philippe Poutou, o comunista Fabien Roussel estariam sempre de fora. Hidalgo, que apresenta apenas 4% nas sondagens Harris e Opinion Way, tem apelado para uma união das esquerdas através dessa escolha, incluindo Jadot (que já foi escolhido em primárias dos ecologistas e a quem as últimas sondagens dão 7% e 8%) e Jean-Luc Mélenchon.

Ao saber do anúncio de Taubira, a maire da capital propôs um debate na TV antes de 15 de janeiro, com todos os candidatos de esquerda. "Lutem entre vós e deixem-me em paz" foi a reação de Mélenchon (com sondagens a dar 9% e 11%).

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Emmanuel Macron, que ainda não apresentou a sua candidatura ao escrutínio de 10 de abril, segue em primeiro nos estudos de opinião, com 24%. A novidade é a ascensão ao segundo lugar da candidata da direita Valérie Pécresse, com 17%, um ponto acima de Le Pen. Se as duas sondagens coincidem até aqui, a descida de Éric Zemmour, o polemista à direita de Le Pen, varia: tem 15% de intenções de voto num caso, 12% no outro.

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