'Mais rápidos que a luz'? Afinal Einstein tinha razão

O caso dos neutrinos (partículas subatómicas) que uma equipa de investigadores europeus detectou a viajar mais rápido do que a luz, uma experiência que há cerca de um mês deixou a comunidade científica perplexa por ser algo 'proibido' pela teoria da Relatividade, terá sido agora explicado... pela aplicação das mesmas equações de Einstein.
Publicado a
Atualizado a

Ronald van Elburg, um cientista da universidade holandesa de Groningen, publicou na semana passada um estudo onde defende que tudo se resumiu a um lapso: os cientistas da experiência original não tiveram em conta a discrepância de 'perspectiva' entre os relógios no solo e os que se encontram nos satélites da rede GPS, em órbita a 20 mil quilómetros da terra, utilizados para sincronizar todos os mecanismos envolvidos.

Uma discrepância que é prevista pela própria Teoria da Relatividade de Einstein.

Ainda que a velocidade da luz seja constante para todos os observadores, há que ter em conta o que 'vêem' os 'observadores' em movimento, lembra o cientista.

Na experiência com os neutrinos, estavam em causa dois contextos de referência: os relógios em terra, situados no emissor e no receptor dos neutrinos; e os aparelhos a bordo dos satélites de GPS.

Ora estes, lembra Van Elburg, estão em movimento relativamente ao solo. Mas, na perspectiva dos satélites, é o receptor de neutrinos da experiência que se desloca. E este facto tem de ser considerado nos cálculos.

"Na perspectiva do relógio [no satélite], o detector está a mover-se na direcção do emissor e, consequentemente, a distância percorrida pelas partículas, como observadas por este relógio, é mais curta", diz Van Elburg ao site especializado Technology Review.

Este cientista calcula que, tendo em conta este movimento, os neutrinos deveriam ser medidos a chegar ao destino 64 nanosegundos mais rápido do que a luz. Ora os cientistas do projecto OPERA mediram uma diferença de 60 nanosegundos - valores suficientemente próximos para fazer crer que o físico holandês acertou mesmo com a solução para o mistério.

Ronald van Elburg publicou o seu estudo no site da Universidade de Cornell e o seu artigo está actualmente no período de 'peer review', ou seja, para ser criticado, confirmado ou desmentido por outros cientistas.

Caso se demonstre que tem razão, a experiência que fez tremer a teoria de Einstein, afinal, só veio confirmá-la.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt