Mais de metade dos jovens diz ter sofrido violência no namoro

O estudo Violência no Namoro 2019 revela que 58% dos jovens já foram vítimas de violência, mais 2% do que em 2018. E 67% acha isso natural, ligeiramente menos do que em 2018, mas ainda assim uma percentagem elevada
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O estudo nacional sobre a Violência no Namoro 2019, que a União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR) tem vindo a realizar nos últimos anos e que será apresentado nesta quarta-feira, Dia dos Namorados, não traz grandes melhorias em relação aos inquéritos anteriores.

O número de jovens, que namoram ou já namoraram, que diz ter sofrido pelo menos uma forma de violência por parte do companheiro ou ex-companheiro é de 58%. Uma percentagem superior à do estudo de 2018, 56%.

O outro dado que os investigadores da UMAR salientam é a quantidade de jovens que entendem as práticas violentas como naturais. São 67% no inquérito deste ano, quando no ano passado eram 68,5%.

Conclusões que, para os autores do estudo, são preocupantes e que revelam a necessidade de se apostar numa maior prevenção, realizando ações de sensibilização sistemática.

Justificam um maior número de queixas de violência no namoro e uma ligeira descida dos que entendem esse comportamento "natural", como uma maior "consciência para o problema", sendo esse o fator positivo.

O estudo aponta para a elevada prevalência e legitimação de formas específicas de violência, como a violência psicológica, aquela exercida através das redes sociais ou as atitudes de controlo (sobre vestuário, hábitos de convívio ou outros comportamentos) ", refere uma nota de imprensa da Secretaria de Estado para a Cidadania e Igualdade, que apoia o inquérito realizado pela UMAR.

Trabalho que é apresentado na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto, onde estará presente a secretária de Estado Rosa Monteiro.

A governante vai apresentar a campanha #NamorarMemeASério, em colaboração com organizações não-governamentais. O objetivo é "identificar de forma concreta alguns dos comportamentos que são sinais claros de situações de violência, quer seja física, psicológica ou sexual".

Alice Trewinnard, Cátia Domingues, Carolina Torres, Diogo Faro, Maria Seixas Correia e Mariana Monteiro são os rostos dessa campanha. Insiste num número de telefone, 800 202 148, salientando que "a violência é crime público" e "denunciar é uma responsabilidade coletiva".

A violência no namoro é criminalizada desde 2007 (artigo 152.º do Código Penal).

PSP recebeu 118 queixas de menores

Em 2018, a PSP recebeu 118 vítimas com menos de 18 anos que se queixaram dos namorados (43) ou ex-namorados (75). Estas denúncias atingiram as 106 em 2015, baixaram para as 103 no ano seguinte e voltaram a aumentar em 2017 (112) e 2018.

Os responsáveis da PSP referem estudos científicos para argumentar que a "violência doméstica em ambiente familiar é propiciador de replicação entre os mais jovens, seja nas suas relações de namoro, seja, no futuro, nas suas relações mais próximas". Falam de "violência física, psicológica e/ou emocional, social, sexual e económica".

Estudos que, nos últimos anos, têm fundamentado a realização de ações de sensibilização das autoridades policiais entre a população estudantil.

Nesta segunda-feira, a PSP lançou a operação No Namoro não Há Guerra, nos vários comandos de todo o país, com ações de sensibilização junto das escolas de ensino básico do 3.º ciclo e ensino secundário. Terminam na terça-feira, dia 19, com especial enfoque amanhã, Dia dos Namorados.

Em Lisboa, o programa de amanhã reúne elementos da equipa do Programa Escola Segura e alunos da Escola Profissional Metropolitana - Orquestra Metropolitana de Lisboa. A iniciativa começa às 14.00, com uma canção de autoria dos estudantes Contra a Violência no Namoro, a que se segue um vídeo sobre o que é violência no namoro e um debate sobre o tema.

A operação nacional faz parte do programa Escola Segura que, desde o ano letivo 2014-2015, tem realizado iniciativas especiais na semana em que se celebra o Dia dos Namorados. Em três anos, participaram 57 300 alunos nestas ações, de 1317 escolas.

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