Uma especialista em direitos de pessoas com albinismo afirmou hoje em Maputo que se estima terem ocorrido em Moçambique mais de cem ataques contra esta minoria desde 2014..Ikponwosa Ero, nigeriana e ela própria portadora de albinismo, disse numa conferência de imprensa, no final de uma visita de trabalho a Moçambique, que chegou a esta estimativa a partir de relatos dos contactos com organizações não-governamentais, em crimes associados a tráfico e venda de partes do corpo..Dados oficiais apresentados pelo Governo indicam que em 2015, cerca de 47 albinos foram alvos de ataques em Moçambique, tendo sido indiciados 91 suspeitos de envolvimento e condenados oito acusados..Num relatório publicado em março por Ikponwosa Ero, Moçambique está na lista dos sete países com mais crimes contra pessoas com albinismo em África..Ero defende que o país precisa de adoptar políticas mais inclusivas e uma estratégia que inclua a sensibilização das famílias das vitimas dos ataques. "O país precisa de uma legislação para regulamentar a actuação dos médicos tradicionais, como forma de separar os médicos legítimos dos impostores", defendeu a especialista das Nações Unidas.A especialista acrescenta ainda que apesar de "o dever de proteger as pessoas ser tarefa do Governo, todos os moçambicanos devem estar envolvidos no combate a este tipo de crime.".De tal forma que nos últimos meses, o país registou uma redução na divulgação de casos de perseguição contra pessoas com albinismo. Ero aponta a forte campanha de sensibilização que está em curso, bem como a condenação de pessoa envolvidas neste tipo de crime como as principais causas para esta situação.